Muitos dizem que o difícil não é perder peso, mas sim evitar que os números da balança voltem a subir. E o número de pessoas a que isto se aplica parece confirmar a teoria. Um estudo publicado no New England Journal of Medicine afirma que apenas uma ou duas pessoas, em cada 100, mantém o peso perdido passados dois anos, enquanto outro, publicado no American Journal of Nutrition, diz que apenas 20% mantêm o peso perdido, a longo prazo.
Uma outra investigação, da UCLA, foi mais longe e descobriu mesmo que um terço das pessoas volta a ganhar ainda mais peso do que aquele que mostrava, inicialmente, a balançça (antes de sequer iniciar uma dieta). Foquemo-nos então no ponto comum de todos estes estudos: a grande maioria das pessoas que perde muito peso vê-se na frustrante situação de o voltar a ganhar.
Esta é uma realidade dura para vários, e, como tal, são frequentes os relatos de pessoas que recorrem a substâncias ou medicamentos – mesmo sabendo que podem não ser uma opção muito saudável, com efeitos secundários arriscados -, de modo a não comprometer resultados. E a história de Elna Baker, comediante, veio alertar, precisamente, para o facto de este problema precisar de ser mais debatido.
“Cheguei a pensar que a fentermina [supressor de apetite] estava a afetar a minha saúde. Eu sentia-o. Mas, intencionalmente, nunca pesquisei os efeitos secundários“, revelou, em entrevista ao podcast This American Life, onde relatou a sua perda de quase 50 quilos. Uma dieta saudável, exercício e a perigosa substância, prescrita pelo seu médico, foram o meio através do qual o conseguiu.
A fentermina foi retirada do mercado em 1997, por ter sido associada a casos de problemas cardíacos. Ainda está à venda, mediante prescrição médica, mas é considerada tratamento de curto prazo para a obesidade. A figura mais magra trouxe uma nova visão do mundo a Baker, com novas oportunidades, relacionamentos, emprego, até que o peso começou a aumentar de novo. E foi aí que a substância voltou a desempenhar um papel de destaque.
“Aqui está algo que nunga digo às pessoas. Eu ainda tomo fentermina. Tomo-a apenas durante uns meses do ano, ou, por vezes, durante meio ano. Não consigo mais prescrições, pelo que compro no México ou online, embora as vendidas online sejam falsas e não tenham o mesmo efeito“, revelou. E se pensa que esta é uma atitude arriscada, a própria comediante também o sabe: “Tenho noção de como isto soa. Sei precisamente o quão sinistro é“. E é por isso mesmo que precisamos de falar mais acerca do assunto.