O mês de outubro é o mês de sensibilização para o Cancro da Mama, e um importante trabalho na área do apoio a projetos de investigação na área do cancro da mama é desenvolvido pelo Fundo iMM-Laço: A Caminho da Cura, nascido em 2015.
Anualmente, a Bolsa Fundo iMM-Laço apoia novos projetos de investigação propostos por investigadores no Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes (iMM) e que visam perceber as causas do cancro da mama e descobrir os mecanismos que desencadeiam o cancro da mama metastático, de forma a encontrar tratamentos mais eficazes e diminuir a sua incidência.
A ACTIVA quis saber mais sobre este trabalho e fez algumas questões a Inês Domingues, do Fundo IMM Laço.
– Que preocupações estiveram na origem da criação deste Fundo?
Tem sido feito um trabalho muito importante de rastreio cada vez mais precoce de casos de cancro da mama. São anualmente diagnosticados 6000 novos casos de cancro da mama, só em Portugal. No entanto sabemos ainda pouco sobre as causas do cancro da mama e do cancro da mama metastático e como tal, há ainda um caminho a percorrer para conseguirmos ter tratamentos mais eficazes para estas condições. Foi este o ponto de partida do Fundo iMM-Laço: tentar encontrar na ciência as respostas para ainda não conseguimos ter: perceber as causas do cancro da mama e descobrir os mecanismos que desencadeiam o cancro da mama metastático, de forma a encontrar tratamentos mais eficazes e diminuir a sua incidência. Mas esta iniciativa só é possível pelo apoio de parceiros, como a Fitness Nestlé, que todos os anos organizam campanhas de angariação de fundos, como é o caso do Movimento #CheckChain que serve ainda o propósito da sensibilização para o diagnóstico precoce. É o envolvimento de toda a sociedade que reconhece que a ciência é fundamental para enfrentarmos os vários desafios que temos pela frente, como é o caso do combate ao cancro e em particular, ao cancro da mama.
– Em média, quantas candidaturas recebem por ano? – São projetos nacionais ou também internacionais que podem concorrer?
Anualmente a bolsa Fundo iMM-Laço apoia projetos de investigação propostos por cientistas do Instituto de Medicina Molecular João Lobo Antunes (iMM) ou em parceria com cientistas de outros centros de investigação em Portugal ou no mundo, no valor de €25.000 cada. Procuramos ideias “fora da caixa” e que abordem a problemática do cancro da mama de forma inovadora. Muitas destas propostas são ideias que necessitam de um financiamento inicial e é aqui que o apoio do Fundo pode ser fundamental. De facto, um dos nossos cientistas Laço de 2018 – o Marc Veldhoen – obteve em 2019 um financiamento da Fundação “la Caixa” de cerca de 500 000 € para prosseguir a sua investigação, o que nos mostra que estes cientistas e as suas linhas de investigação podem dar um importante contributo para conhecermos mais sobre os mecanismos que estão na base do cancro da mama, mas também de outros tipos de cancro.
– Quais os critérios (e o júri) que preside à escolha?
O júri das bolsas Fundo iMM-Laço muda todos os anos e cada proposta é avaliada por três cientistas portugueses ou estrangeiros independentes do iMM e que trabalham nestas áreas de investigação. A originalidade e o impacto são os critérios tidos em conta na avaliação, tendo sempre presente o mérito científico de cada proposta.
– Ao longo destes quatro anos, que investigações se destacaram e se mostram promissoras nos objetivos propostos – perceber as causas do cancro da mama e descobrir os mecanismos que desencadeiam o cancro da mama metastático.
Os vários projetos já apoiados pelo Fundo iMM-Laço vêm acrescentar valor ao conhecimento sobre a doença. Em particular destacamos o trabalho desenvolvido pela Catarina Silveira e Célia Carvalho que estão a desenvolver um teste molecular que permitirá definir quais são os cancros de baixo risco que podem evitar tratamentos mais agressivos como a quimioterapia. Numa outra vertente, o trabalho desenvolvido pela Sofia Mensurado no laboratório do Prof. Bruno Silva-Santos, procura perceber como é que se pode tornar a imunoterapia que usa o próprio sistema imunitário no tratamento do cancro. Esta terapia tem revolucionado o tratamento de cancros como o do pulmão e o melanoma, no entanto, em doentes com cancro da mama a sua eficácia é muito reduzida. A Sofia está a estudar como é que a dieta pode melhorar o desempenho do sistema imunitário em resposta a tumores da mama, especialmente em combinação com os bloqueadores das moléculas inibidoras. São resultados promissores, mas ainda muito preliminares e isto é também importante perceber – o progresso científico demora muito tempo e as descobertas que são feitas hoje podem demorar alguns anos ou podem nem chegar à prática clínica, mas são essenciais para percebermos melhor o que está na origem desta e de outras doenças.