
Já quase sabemos de cor quais os principais sintomas do novo coronavírus: tosse seca, febre, falta de ar. Contudo, pesquisas recentes alertam para um sintoma bem menos falado, mas que tem sido mais frequente do que se pensava: a diarreia. Afinal, a corrida ao papel higiénico pode ter ganho, agora, algum sentido.
Um novo estudo, publicado no The American Journal of Gastroenterology, afirma que problemas digestivos, como a diarreia, vómitos e dores abdominais, podem ser mais comuns em casos de covid-19 do que se acreditava inicialmente. Cerca de metade dos doentes do estudo teve queixas deste género e, comparativamente com os que não tiveram problemas gastrointestinais, o risco de mortalidade era maior.
A investigação analisou 204 casos – 107 homens e 97 mulheres -, com idade média de 54,9 anos, de três hospitais diferentes, na China. Os autores salientam que os sintomas respiratórios continuam a ser os mais comuns, embora 48,5% dos casos estudados tenha também apresentado problemas digestivos que, por norma, pioraram com o passar do tempo. “Os clínicos têm de ter em mente que os sintomas digestivos, como a diarreira, podem ser uma manifestação inicial de COVID-19 e que o nível de suspeita tem de ser levantado cedo, em vez de se esperar que apareçam sintomas respiratórios“, aconselham.
Anorexia ou perda de apetite foram registados em 83,8% dos casos, a diarreia em 29,3%, vómitos em 0,8% e dores abdominais em 0,4%. Em comunicado, foi explicado que o risco de mortalidade era maior em pacientes com estes sintomas, comparativamente àqueles que apenas apresentavam problemas respiratórios. Porém, neste sentido, importa referir que aqueles que sofriam de sintomas gastroenterológicos demoraram bastante mais tempo a procurar ajuda médica, já que não acreditavam estar infetados, pelo que a doença foi avançando.