A endometriose é uma doença crónica que se caracteriza pela presença de tecido endometrial fora de útero e afecta sobretudo mulheres em idade reprodutiva. Segundo a Sociedade Portuguesa de Ginecologia, estima-se que 10% de mulheres jovens globalmente (aproximadamente 190 milhões) sofram de endometriose. O principal sintoma é a dor pélvica incapacitante, que pode ou estar relacionada com a menstruação.
Durante muitos anos, Catarina Maia sofreu de dores menstruais agonizantes mas nenhum dos médicos que procurou lhe deu a atenção devida. Todos descartaram os seus sintomas como sendo algo perfeitamente normal para a altura do mês. Mas Catarina não desistiu e, nove anos após a primeira menstruação, foi diagnosticada com endometriose.
Com o objetivo de divulgar a doença e impedir que mais mulheres passem pelo mesmo, Catarina Maia criou o blogue O Meu Útero e, com o mesmo intuito, em 2022, no mesmo ano em que foi mãe, lançou o livro ‘Dores Menstruais Não São Normais’ (Manuscrito). Nele, identifica os mitos mais comuns associados à endometriose. Escolhemos cinco.
- Não tenho dores menstruais, por isso não posso ter endometriose. Embora as dores sejam dos sintomas mais comuns, nem sempre se verificam. “Nem toda a gente que sofre com endometriose tem dores menstruais”, diz Catarina Maia, “Não nos esqueçamos que a doença pode ser assintomática.”
- Não sou infértil, é impossível ter endometriose. “A infertilidade afecta apenas uma percentagem das mulheres que têm endometriose: entre 30% e 50%”, explica a autora. O que quer dizer que não existe necessariamente uma relação de causa/efeito.
- A gravidez trata a endometriose. Se bem que pode aliviar alguns sintomas, especialmente os que estão relacionados com a menstruação, Catarina Maia alerta para a dor pélvica que muitas grávidas continuam a sentir durante a gestação.
- A endometriose desaparece com a menopausa. “Muita gente continua a sentir sintomas de endometriose mesmo após a menopausa”, explica a autora de ‘Dores Menstruais Não São Normais’. “Já foram relatados, inclusivamente casos de mulheres a quem a doença foi diagnosticada após a menopausa.”
- A pílula causa endometriose. A pílula suprime os sintomas da endometriose e o diagnóstico torna-se improvável. Não quer dizer que a doença não exista. “A pílula não provoca endometriose nem aumenta as probabilidades de se vir a ter endometriose.”