Por mais maravilhosa que a maternidade seja, as mulheres tendem a pagar um preço alto para experienciá-la. O custo emocional, mental e físico é imensurável, mas a matemática do impacto financeiro que sofrem quando têm filhos é claro e até tem nome: motherhood penalty (ou pena da maternidade, em tradução livre).
O que é?
A pena da maternidade é o preço que as mulheres pagam pelo crescimento das famílias enquanto estão no mercado de trabalho. As estatísticas mostram que as mães no mercado de trabalho têm menos probabilidade de serem escolhidas para novos cargos e promoções, ganharão salários mais baixos e serão sujeitas a padrões mais elevados do que os pais e as mulheres que não são mães.
Segundo um estudo da Universidade de Harvard, os recrutadores têm menos probabilidade de contratar mães do que mulheres que não têm filhos. E quando contratam uma mulher com filhos, provavelmente, oferecem-lhe um salário mais baixo.
A mesma pesquisa revela o reverso da moeda: os pais não são penalizados da mesma forma. As mães tinham seis vezes menos probabilidade de serem recomendados para contratação. E, se conseguissem o cargo, teriam maior probabilidade de não serem consideradas para uma promoção.
Os motivos para afetar mais as mulheres
Uma das razões para a pena de maternidade afetar as mulheres ao longo do tempo é o facto de elas serem mais propensas a pedir licença após terem filhos ou a serem as cuidadoras principais.
“Os pais — tanto mães como pais — que fazem pausas na carreira são significativamente mais propensos a relatar que a progressão profissional foi impactada negativamente pela paternidade, e as mães têm 114% mais probabilidade do que os pais de fazer uma pausa na carreira”, explica Cohen.
De sublinhar que as despesas com cuidados infantis desempenham um papel na alta taxa de mães que abandonam as suas carreiras. Além disso, os especialistas dizem que a pandemia tornou as coisas mais difíceis para as mães.
“Os modelos de trabalho não foram concebidos para ajudar as mulheres a obterem condições de igualdade”, afirma Cohen. “Isto foi claramente agravado com a pandemia, sendo que vimos 1,8 milhões de mulheres abandonarem o mercado de trabalho. Embora a noção de flexibilidade e o trabalho remoto tenham acelerado a aceitação, e isso tenha criado uma sensação de maior igualdade para as mães, ainda vemos desafios adicionais de falta de recursos para cuidar dos filhos, ordens de regresso ao escritório e burnout para muitas.”
Impacto na riqueza a longo prazo
Dados do U.S. Census Bureau, o Departamento do Censo dos Estados Unidos, mostram que, em 2021, as mulheres que trabalhavam a tempo inteiro durante ano todo ganhavam, em média, 84% do que os seus homólogos masculinos ganhavam. Salários mais baixos e rendimentos vitalícios não só dificultam pagar os cuidados infantis e despesas mais imediatas, como também tornam mais difícil para as mães investirem e pouparem para o futuro.
Segundo o relatório global “Wealth Equity Index” da WTW em colaboração com o Fórum Económico Mundial, espera-se que as mulheres tenham apenas 74% da riqueza que os homens têm após a reforma, apesar de terem uma esperança de vida mais longa, em média.
Pam Cohen esclarece que a solução começa no trabalho. “A necessidade de apoio estende-se muito para além das fases iniciais limitadas da parentalidade. No entanto, tende a diminuir vertiginosamente para além do momento em que as mães regressam da licença parental”.