O nosso sistema imunitário tem como função defender-nos de microorganismos, tais como vírus e bactérias. Mas nalguns casos o sistema imunitário gera uma reacção exagerada contra substâncias que, por si só, não apresentam ameaça para o corpo humano. É a essa híper reacção que chamamos de alergia.
Essas substâncias, como o pó, os pêlos de animais ou o pólen de algumas plantas, são conhecidas como alergénios e são muito comuns principalmente durante a época da Primavera, mas prolongando-se muitas vezes até ao Verão. Os alergénios podem ser inalados, ingeridos ou entrar em contacto com a pele.
O tratamento médico convencional para as alergias consiste principalmente na administração de medicamentos anti-histamínicos ou, no caso de reacções da pele ou asma, de corticosteroides.
Regra geral, a abordagem convencional é muito útil para casos de emergência, mas quando a situação se torna crónica, os medicamentos convencionais apresentam algumas desvantagens que muitas pessoas preferem evitar, tais como: sonolência, vertigens, fadiga, náuseas, vómitos, tremores, irritabilidade, euforia, insónia, anorexia, constipação, retenção urinária, secura da boca, entre outros sintomas.
Por essa razão é importante saber que temos outras opções terapêuticas que nos podem ajudar. Antes de mais, é importante olharmos para a reacção alérgica de um ponto de vista um pouco diferente – imaginemos que estamos a chegar a casa saturados de stress do trabalho, preocupados com as coisas que vamos ter que fazer no dia seguinte e cansados de tudo aquilo com o qual tivemos que lidar durante o dia…Nesse momento, o pedido de atenção de uma criança, ou um simples comentário de uma companheira ou companheiro podem ser o suficiente para desencadear uma híper reacção, desproporcional àquilo a que estamos realmente a responder no momento.
O mesmo acontece com o nosso organismo – se ele já se encontra saturado, a lidar com elementos tóxicos provenientes de uma alimentação inadequada, de maus hábitos ou de uma infecção bacteriana subclínica, por exemplo, o sistema vai tornar-se demasiado sensível a uma pequena “invasão” e produzir histamina em excesso, dando origem aos sintomas alérgicos: inflamação, lacrimação, secreção de muco e todo o mal estar que daí advém.
Uma boa função digestiva e hepática
É por isso que uma das medidas de base, no que respeita a prevenção e o tratamento natural das reacções alérgicas, é o alívio digestivo e hepático. Cortar com certos alimentos como o leite e lacticínios, os cereais e o glúten, o chocolate e o café, é uma medida que por si só já pode ajudar a desinflamar o organismo e a deixá-lo menos reactivo. Períodos de jejum, contínuo ou intermitente, também ajudam a dar ao corpo as condições adequadas para se desintoxicar e criar mais tolerância aos alergénios.
A vitamina C
Outra grande ajuda é o ácido ascórbico, melhor conhecido por vitamina C. Esta vitamina possui propriedades anti-histamínicas, bactericidas e bacteriostáticas, desde que tomada em doses muito superiores à “dose diária recomendada”, que está estabelecida apenas para prevenção do escorbuto.
Para termos acesso às propriedades terapêuticas da vitamina C, temos que a tomar na ordem das gramas – 3 a 5 gramas distribuídas ao longo do dia será o mínimo para vermos uma melhoria na nossa condição alérgica. Dependendo da forma da vitamina C que tomarmos (ascorbato de sódio, ascorbato de magnésio, ácido ascórbico, lipossomal) há diferentes rácios de absorção intestinal, logo, de eficácia.
O zinco
Outro grande auxílio natural para o sistema imunitário é o zinco. Este mineral é necessário para o funcionamento de mais de 300 enzimas que ajudam no metabolismo, na digestão, na função nervosa e em muitos outros processos. Mas acima de tudo, o zinco participa no desenvolvimento e na função das células do sistema imunitário, nomeadamente na estabilização das membranas celulares que, ao se tornarem mais resistentes, não libertam tão facilmente a histamina – a substância que, em termos bioquímicos, inicia toda a cascata de eventos que caracteriza uma alergia. O zinco está presente no marisco, no peixe, na carne, em legumes (grão-de-bico, lentilhas, feijão…), nas nozes e sementes, nos ovos e em certos vegetais (cogumelos, ervilhas, espargos e beterraba).
A alimentação, por vezes, pode ser útil suplementar até que os sintomas desapareçam. A dose terapêutica para a suplementação com zinco está entre as 20 e as 40 mg por dia. Não se deve exceder essa quantidade e não se deve suplementar por mais de 3 meses sem um intervalo. Existem muitos suplementos no mercado, o citrato de zinco e o gluconato de zinco são as formas mais facilmente absorvidas pelo corpo.
A quercetina
Outra substância muito útil para ajudar a combater as alergias é a quercetina. A quercetina é um nutriente proveniente do mundo vegetal, um bioflavonoide que entre outros efeitos terapêuticos, tais como ser anti-inflamatório e antioxidante, tem a capacidade de inibir a libertação de citocinas e histamina, responsáveis pela resposta alérgica. As principais fontes naturais de quercetina são a cebola e os brócolos; a fruta (maçãs, frutos vermelhos e uvas); algumas plantas (funcho, coentros, alcaparras); o chá verde e o vinho.
Mas o mais certo é que os alimentos, por si só, não sejam suficientes para evitar uma reacção alérgica, por isso será mais útil tomar a quercetina em forma de suplemento. Dependendo do peso da pessoa e da gravidade da reacção alérgica, 500 a 1000 mg por dia costumam ser suficientes para sentir uma diferença significativa.