Os escaldões deviam ser como as desculpas: não se tratam, evitam-se. Porém, que atire a primeira bola de Berlim quem nunca passou dos limites e sofreu as consequências na pele. Seja por negligência com os cuidados básicos de proteção, por estes serem insuficientes ou até inexistentes, os eritemas solares – vulgarmente conhecidos como queimaduras solares ou escaldões – podem acontecer, em consequência da exposição aos raios ultravioleta, e devem ser tratados.
As queimaduras solares podem não ser imediatamente evidentes. A vermelhidão da pele é característica, mas (contrariamente ao que acontece com outras queimaduras da pele) não é imediata: inicia-se 3-5 horas depois da exposição solar, pode agravar-se nas 12-24 horas seguintes e desaparece geralmente em 5-6 dias. Isto explica que, muitas vezes, só percebemos que temos um escaldão, já em casa, depois de tomar banho, por exemplo. A pele fica quente ao toque e há uma maior sensibilidade à pressão e à temperatura.
Queimaduras ligeiras, de 1º grau, podem ser tratadas em casa. Casos mais graves – especialmente quando se formam bolhas – precisam de cuidados médicos.
O que fazer
O primeiro passo é arrefecer a pele. Seja com um duche de água fria (nunca gelada) ou com recurso a compressas frias, dependendo da extensão da área afetada. Os banhos não devem ser demasiado longos, sob pena de contribuírem para uma pele mais seca. Enquanto a pele se mantiver quente, pode e deve repetir os duches ou a aplicação local de frio.
É nestas alturas que um cuidado especializado pós-solar pode ser útil. Formulados com ingredientes calmantes e hidratantes, pensados para uma pele fragilizada. Têm tipicamente texturas leves e bem líquidas, para facilitar a aplicação sem irritar ou magoar a pele: em loção, gel ou spray. Este tipo de produtos é especialmente pensado para aliviar o ardor, o desconforto e o prurido (comichão).
Numa segunda fase, é importante reforçar a barreira cutânea, sem irritar. A utilização de cremes cicatrizantes também pode ser útil, para ajudar a pele a regenerar-se. São cremes tipicamente mais gordos, com fórmulas pensadas para promover a reparação epidérmica. Aplique uma camada generosa sempre que sentir necessário.
Fique longe de vaselina e outros que tais, especialmente em caso de existência de bolhas. Por ser um ativo oclusivo, pode sufocar a pele, retendo o calor do corpo, piorando qualquer inflamação existente e dificultando a cicatrização da queimadura.
O que não fazer
Tendo uma queimadura solar, a prioridade tem de ser evitar a exposição solar. O mais importante é manter as zonas afetadas protegidas do sol até o problema estar completamente resolvido.
Em casos de escaldões mais graves, não hesite em dirigir-se a uma farmácia ou em procurar ajuda médica. Havendo necessidade, não use algodão ou outros materiais que possam aderir à pele queimada – prefira compressas – e, em caso da existência de bolhas, não as rebente: elas funcionam como uma proteção contra possíveis infeções e vão desaparecer quando já não forem necessárias.
Não esfregue a pele, ao limpar ou secar.
Não use roupa apertada ou que friccione a área afetada, prefira roupa leve e larga.
Tendo à disposição um arsenal de produtos cientificamente estudados, testados e aprovados, com bons resultados na resolução de uma queimadura solar, não há necessidade de considerar ignorá-los, optando por mesinhas caseiras. Leite, iogurte, mel, clara de ovo, casca de banana… A lista continua. Mantenhamo-nos longe de produtos que podiam estar na mesa de pequeno-almoço, a fim de evitar, até, piorar a situação.
Se a pele foi sujeita a uma agressão tão grave como um escaldão, é bem provável que, numa fase final, escame. Nunca, jamais, em tempo algum, ceda à tentação de puxar a pele que se vai desprendendo do corpo. Este deve ser um processo natural. O corpo humano é incrível e sabe muito bem o que faz: vai soltar a camada superior da pele à medida que a que está por baixo fica preparada. Acelerar este processo vai sensibilizar (ainda mais) a pele e pode causar manchas ou cicatrizes. A esfoliação – química ou física – também não é aconselhada. Querendo fazer alguma coisa, a opção é hidratar, hidratar e hidratar.
A melhor forma de lidar com um escaldão é, sem dúvida, evitando-o. Muitas queimaduras solares são ligeiras. No entanto, as pessoas que apanham escaldões repetidos, mesmo ligeiros, têm maior probabilidade de vir a desenvolver cancro de pele, marcas de envelhecimento precoce da pele e, até, problemas de visão, como cataratas.