Como se sente ao celebrar este ano os seus 50 anos de carreira?
Cronologicamente, tenho 72 anos, mas não me sinto com essa idade. O meu espírito é mais novo. Além disso, cuido-me, treino e não estou a fazer isso para ficar com o corpo que tinha aos 30 anos. Estou a fazê-lo por saúde, para não enferrujar e para aguentar a condição física dos shows e da vida de forma geral. Faço musculação, treino, ando na passadeira, fortaleço as pernas e os braços. No mundo de hoje, uma mulher como eu, da minha idade, não é velha. Ela cuida-se, trata-se e faço isso porque o meu espírito quer assim. A diferença entre a Gal mais jovem e a de hoje é só a experiência. As coisas boas e as ‘porradas’ que tomamos na vida fazem isso. Isso tudo traz mais segurança, maturidade, tranquilidade e serenidade. E ser mãe faz parte disso tudo. Ser mãe rejuvenesce, reaprendemos porque é desafiador. Ao lado da minha carreira, Gabriel é a melhor coisa da minha vida. Sempre que pode, está comigo nos shows, viaja em alguns mais próximos, que não atrapalhe a escola. Essa troca é muito importante para nós.
Lembra-se da primeira vez que subiu ao palco e de como imaginava o seu futuro?
Foi uma emoção e tanto, mas jamais poderia imaginar o que o futuro me reservava.
Três palavras para descrever estes anos?
Dificil em três… Amor, gratidão, paz, sucesso, maternidade.
Caetano e João Gilberto foram decisivos para começar a cantar?
Com certeza. Sempre fui louca por João Gilberto. Caetano é um compositor com quem tenho uma grande afinidade, o meu compositor especial, o meu amigo e irmão espiritual.
Um momento que a tenha marcado.
Varios. Quando cantei Divino, maravilhoso no Festival da Record. Durante os anos 60 no período da Tropicália, quando gravei Cantar foi mais uma ruptura, Gal Tropical também, Recanto e Estratosférica. Foram muitos.
Qual a música que ainda hoje mais gosta de cantar?
Gosto de todas as músicas do disco Estratosférica mas tenho algumas preferidas. Não vale citar aqui. Do meu repertório gosto de tantas!!!
Quais as grandes diferenças que sente, enquanto pessoa e profissional, comparativamente com a altura em que começou a sua carreira?
Eu nao sinto a idade que tenho, não mudaria nada.
O Show Fa-tal muitos dizem ter sido o mais importante. O que o diferenciava dos outros?
Lembranças boas de um show maravilhoso. De tempos difíceis politicamente no Brasil mas de um frescor pessoal. Andava pelas ruas do Rio de Janeiro, ficava o dia inteiro na praia e depois fazia o show.
Se pudesse mudar alguma coisa nestes 50 anos, o que seria?
Não, assim está muito bom! Sou muito feliz, tanto profissionalmente como pessoalmente.
Destes dois concertos que vai dar a Portugal, o que podemos esperar?
O show Estratosférica é um show lindo, rock n roll, cheio de energia, que estou a amar fazer. Viajar com esta turnê é um grande prazer. Os portugueses podem esperar um show animado, com músicas novas, com compositores dao nova geração da música brasileira com Céu, Marcelo Camelo ou Mallu Magalhães e muitos sucesso, de entre os quais “Baby”, “Modinha para Gabriela” e “O meu nome é Gal”.
Há diferenças entre o público português e brasileiro?
Cada público tem uma particularidade, mas eu adoro os dois. Sou muito acarinhada e me sinto sempre em casa tanto do lado de cá como do lado de lá do oceano. Falamos a mesma língua, partilhamos as mesmas emoções. Somos sensíveis à arte e à história que nos une.
Para 2017 estava previsto o lançamento do novo álbum – “ela disse-me assim” – de onde nasceu a vontade de o fazer?
Ela disse-me assim, na verdade, ainda não foi editado, mas devemos gravar daqui a algum momento. Só que confesso que já estou a pensae num novo disco de inéditos. Minha vida é cantar!
Gal Costa irá dar três concertos em Portugal: dias 10 e 11 de novembro no Campo Pequeno e dia 12 no Coliseu do Porto.