Estreou “Allen v. Farrow”, uma série documental da HBO que fala sobre a relação de Mia Farrow com Woody Allen. Nesta produção, a atriz de 76 anos fala sobre o início do namoro com o realizador e sobre o alegado abuso sexual da filha Dylan, que supostamente aconteceu em agosto de 1992.
“Trouxe este homem para a minha família. Isso é algo que não posso refazer”, começa por dizer a atriz, acrescentando: “Este é o maior arrependimento da minha vida, nunca imaginei que tal fosse acontecer. É minha culpa”.
Sobre as dúvidas que existem quando ao alegado abuso sexual, a atriz diz: “Percebo o porquê das pessoas não acreditarem. Quem iria acreditar que o Woody Allen fez isso? Eu própria não conseguia acreditar. Não conseguia. Todos admiravam tanto o Woody, amavam-no, tal como eu”.
Mia Farrow já era mãe de sete crianças antes do início do relacionamento com o cineasta: os gémeos, Matthew e Sascha Previn, Lark Song Previn, Fletcher Previn, Summer Song Previn, Soon-Yi Previn e Moses Farrow. Quando conheceu Woody Allen, este disse que não tinha interesse em ser pai, mas com o tempo foi criando ligações com os filhos da então companheira. Foi então que Mia Farrow falou a Woody Allen sobre a possibilidade de terem uma criança juntos.
“Ele disse que se eu realmente queria, tal não iria prejudicar a nossa relação, mas que ele preferia não ter nada a ver com isso”, conta a atriz na série documental. “Pensei que era justo. Eu sabia que eu já tinha adotado crianças de diferentes nacionalidades, de países mais necessitados. Ele disse: ‘posso estar mais predisposto se foi uma menina loira’. E eu pensei que devia encontrar essa menina e talvez ele a amasse. Eventualmente encontrei uma menina loira, que era a bebé Dylan”, conta.
Anos após esta adoção, Mia e Woody tiveram um filho biológico, Ronan. Terá sido depois do nascimento deste bebé que o realizador terá começado a aproximar-se mais de Dylan. A certo ponto, a menina terá começado a fugir dele e a recusar estar na sua presença. “Ela fugia dele. Tracava-se na casa de banho”, conta Farrow.
A certa altura, Mia Farrow terá confrontado Woody Allen sobre o desconforto que provocava a Dylan. A reação deste terá sido de fúria. “Era como se eu o tivesse a acusar de assassinato. Eu chorei e pedi-lhe desculpa”.
Em dezembro de 1991, o realizador adotou legamente Dylan e Moses. Cerca de um mês depois, Mia Farrow encontrou fotografias de cariz sexual da filha Soon-Yi previn no apartamento de Woody Allen. Quando o confrontou, este não foi coerente. Primeiro disse estar apaixonado pela jovem e que os dois se iam casar, mas mais tarde assumiu ter cometido um erro e que continuava a amar a companheira. Em 1992, os dois separaram-se e Allen iniciou a relação com a filha adotiva de Mia Farrow, com quem está ainda hoje.
Dylan também prestou declarações nesta série documental. Hoje com 35 anos, diz que esteve “debaixo de grande escrutínio e sujeita a muitas humilhações” desde que apresentou queixa sobre alegados abusos sexuais contra Woody Allen. Na altura tinha seis anos.
Woody Allen não presta declarações no documentário e ainda não se pronunciou sobre o conteúdo do mesmo.