A propósito do seu mais recente livro, A Luz que nos Ilumina, uma obra onde partilha estratégias para superar tempos de incerteza, Michelle Obama deu uma entrevista exclusiva à revista ELA, onde, entre muitas coisas, confessou o sentimento de dúvida em relação a si mesma que a acompanha desde muito nova. “Em muitos momentos na minha vida precisei lutar muito para sentir que era boa o suficiente. Como filha de um bombeiro hidráulico e de uma dona de casa da Zona Sul de Chicago, ao ouvir um professor dizer que eu não era digna de uma universidade de elite (formou-se em Sociologia, em Princeton e em Direito, em Harvard), tive muitas dúvidas sobre mim desde cedo. E muitas dessas inseguranças voltaram quando as luzes brilhantes da política foram apontadas na direção da minha família. Ainda hoje me questiono se estou à altura. Nunca esperei esta vida para mim. Quando se é a a primeira mulher negra a assumir o papel de primeira-dama num país como os Estados Unidos, é natural sentir como me senti, como se eu não pertencesse”, assumiu.
Para Michelle, nestes momentos de dúvida, a forma como Barack Obama a lembra do seu valor, e a força que lhe dá, bem como a sua mãe e o seu grupo mais chegado de amigas, faz toda a diferença. Contudo, admite que apesar do amor crescente que a une a Obama, o casamento de ambos não é terreno livre de discussões.
“A verdade é que Barack e eu trabalhamos muito no nosso amor. Não é fácil. Definitivamente não é só sol e arco-íris. A maior lição que aprendi com ele é que um parceiro nunca será a solução para todos os seus problemas, embora queiram que acreditemos que sim. Barack e eu discutimos muito ao longo dos anos. Mas aprendi que um relacionamento longo não significa sermos duas metades da mesma laranja, que se encaixam na perfeição. Não há aquela coisa de estarmos constantemente a terminar as frases um do outro, antecipando sentimentos antes mesmo deles surgirem. Talvez seja assim para algumas pessoas, mas para nós não. Para nós, estar junto é estar disposto a voltar para redescobrir coisas que ficaram pelo caminho. Mesmo nos dias de muita raiva em que nem se consegue olhar para a cara da outra pessoa, confiar na parceria e no processo contínuo de descobrir a vida é a chave da relação”, concluiu Michelle Obama.