O tema da Met Gala 2023, Karl Lagerfeld: A Line of Beauty, prestou homenagem ao legado do falecido diretor criativo da Chanel.
Como é costume, o tema do evento foi definido pela exposição anual inaugurada no Costume Institute do Museu Metropolitano de Arte, em Nova Iorque, que apresentou cerca de 150 criações de Lagerfeld, bem como alguns dos seus esboços, que “evidenciam o seu complexo processo criativo e as relações colaborativas com as suas ‘premières’, ou costureiras-chefe. As linhas fluidas de Lagerfeld uniram os seus designs para Balmain, Patou, Chloé, Fendi, Chanel e a sua marca homónima, Karl Lagerfeld, criando um corpo diversificado e prolífico de trabalho sem paralelo na história da moda”, diz a organização.
Porém, a escolha gerou polémica. Em mais de seis décadas de carreira, o designer alemão também ficou conhecido pelas opiniões controversas sobre vários temas. Recorde alguns deles:
Gordofobia
Lagerfeld nunca escondeu que, na sua opinião, as modelos deviam ser magras. “Ninguém quer ver mulheres com curvas”, disse à revista Focus em 2009. Além disso, criticou publicamente os corpos de Heidi Klum, que considerou ser “demasiado pesada”, e de Adele, que descreveu como “um pouco gorda demais”.
Quando questionado sobre a obrigação da Chanel de representar “modelos ligeiramente mais saudáveis”, em vez de “manequins muito magras”, o designer desvalorizou a questão, rotulando-a como “aborrecida” e “ridícula”, antes de começar a enumerar os perigos da obesidade.
Movimento #MeToo
O criador não era fã do movimento social #MeToo. “Se não querem que as vossas calças sejam puxadas, não se tornem modelos. Entrem para um convento. Haverá sempre lugar para vocês num convento”, disse em 2018, um ano antes de morrer. “O que mais me choca são as estrelas que levaram 20 anos para se lembrarem do que aconteceu. Sem mencionar que não há testemunhas de acusação”.
Lagerfeld também terá enviado flores a Dominique Strauss-Kahn, após o ex-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) ter sido acusado de agressão sexual. “Todos eles fazem isso no mundo da política. Eles ficam excitados com a política, com o poder. Ele tinha encantos inacreditáveis. Ele é realmente charmoso. Ele é divertido, ele é ótimo. Ele é um tipo doce — desde que você não seja uma mulher”, afirmou.
Comunidade LGBTQIA+
Apesar de ser um homem gay, Lagerfeld tinha pensamentos surpreendentes sobre a comunidade LGBTQIA+. Em 2010, disse à revista canadiana Vice que era contra o casamento gay “por um motivo muito simples: nos anos 1960, todos eles diziam que tínhamos o direito à diferença. E agora, de repente, todos querem uma vida burguesa”.
As observações não ficaram por aí. “Para mim, é difícil imaginar um dos papás no trabalho e o outro em casa com o bebé. Como isso seria para o bebé. Não sei. Consigo visualizar lésbicas casadas com filhos com mais facilidade do que homens casados com filhos. E também acredito mais na relação entre mãe e filho do que entre pai e filho”.