Numa altura em que a FIFA considerou os comportamentos de Luis Rubiales como “inaceitáveis”, tendo já sido suspenso e afastado do cargo de presidente da Real Federação Espanhola de Futebol, Woody Allen sai em sua defesa e, em entrevista ao jornal El Mundo, atira: “Foi só um beijo. A primeira coisa em que pensei foi que ele não a beijou num canto às escondidas. Não a estava a violar, foi apenas um beijo a uma amiga. Independentemente do que aconteceu, é difícil entender que possa perder o seu emprego por dar um beijo a alguém. Se foi inapropriado ou agressivo, há que dizer-lhe para não voltar a fazê-lo e para pedir desculpa. Não assassinou ninguém, mas pode perder tudo”.
Foram várias as vozes que, entretanto, se levantaram contra o cineasta de 87 anos, sobretudo porque sobre ele também pairam graves acusações de abusos sexuais que terá cometido contra a sua filha adotiva, Dylan, quando esta tinha sete anos. Embora negue tudo o que lhe foi apontado, Woody Allen não se livrou de ter sido vaiado no Festival Internacional de Cinema de Veneza, onde apresentou o seu último filme. Ao fim destes anos todos, Dylan mantém as acusações contra Allen: “Durante muito tempo denunciei que, quando tinha sete anos, Woody Allen levou-me para um quarto, longe de onde estavam as amas, as mesmas que, por sinal, tinham sido avisadas que não poderiam deixar-me a sós com ele. Agrediu-me sexualmente. Contei a verdade às autoridades e dediquei-me a contá-la durante mais de 20 anos. Porque é que Harvey Weinstein e outras celebridades foram expulsas de Hollywood, enquanto Allen acaba de assinar um acordo multimilionário com a Amazon, com a aprovação de Roy Price, executivo da Amazon Studios, antes de ele próprio ser acusado de assédio sexual e ter de se demitir por isso?”, questionou em 2018, no Los Angeles Times.