Paul Auster, escritor norte-americano, morreu esta terça-feira, dia 30 de abril, em casa, em Nova Iorque, EUA. O romancista tinha 77 anos e perdeu a vida devido a complicações relacionadas com um cancro do pulmão.
Autor da trilogia ‘Nova Iorque’ e dos livros ‘Vertigo’, ‘’Leviathan’ ou ‘4321’, foi considerado ‘o’ romancista de Brooklyn entre as décadas de 80 e 90, segundo declarações da escritora Meghan O’Rourke ao New York Times.
Em entrevista, chegou a admitir que os temas principais das suas obras – destino, perda e acaso – eram inspirados em episódios que o próprio tinha vivido.
Apesar de ter nascido nos EUA, foi na Europa que encontrou a maior popularidade. Em 2006 recebeu o Prémio Príncipe das Astúrias de Literatura, em 2007 tornou-se Comendador da Ordem das Artes e das Letras de França e mais tarde foi feito membro da Academia Americana de Artes e Letras e da Academia Americana de Artes e Ciências.
Nas redes sociais, o autor português João Tordo prestou uma última homenagem a Paul Auster com um texto que reflete a obra do norte-americano e o impacto que causou:
“‘A certa altura, parei de o ler. Algures no princípio do novo século o feitiço desfez-se, e só retomei mais tarde, muito mais tarde, quando o fim já se anunciava. Olhando para trás, não me arrependo de o ter deixado, mas não deixo de me perguntar todos os dias o que teria acontecido se tivesse feito diferente’. Este é um parágrafo ‘austeriano’. Escrevi-o agora mesmo, assim que soube da morte de Paul Auster, o escritor mais influente na minha vida literária entre os 15 e os 25 anos. É verdade que a certa altura deixei de o ler, retomando com 4 3 2 1. Nenhum dos livros mais actuais, contudo, teve em mim o impacto de O Palácio da Lua, A Música do Acaso, A trilogia de Nova Iorque, Leviathan ou Mr Vertigo: Auster foi um escritor único e incrivelmente original, e o que os críticos lhe apontavam eram precismente o que fazia dele um autor tão fascinante: ser ele mesmo, com todas as forças e fragilidades do ser humano. Foi o último autor que me fez ler até às quatro da manhã à luz de uma lanterna em dia de escola, e estou-lhe eternamente grato. Boa viagem Mr Auster”.