Alain Delon morreu este domingo, 18 de agosto, aos 88 anos, rodeado pela família, no conforto da sua casa em Douchy, a cerca de 130 quilómetros de Paris.
“Alain Fabien, Anouchka, Anthony, bem como o seu cão, Loubo, têm a imensa tristeza de anunciar a partida do seu pai. Ele faleceu pacificamente na sua casa em Douchy, rodeado pelos seus três filhos e pela sua família. A família pede gentilmente que a sua privacidade seja respeitada neste momento de luto extremamente doloroso”., anunciaram os três filhos do icónico ator francês, Anthony, de 59 anos, Anouchka, de 33, e Alain-Fabien, de 29, num breve comunicado.
Fecha-se assim um dos mais marcantes e bonitos ciclos do cinema francês, que teve em Alain Delon não só o talento que fez dele um reconhecido mestre na representação, mas também um dos maiores sex symbols de sempre, protagonista das mais arrebatadoras histórias de amor à Hollywood.
Uma delas com a atriz austríaca Romy Schneider, que conheceu em 1958, durante as filmagens de “Christina”, de Pierre Gaspard-Huit. O romance terminou bruscamente ao fim de cinco anos e Alain abandonou-a por carta. No entanto, o casal manteve sempre uma forte ligação, tendo sido ele um dos seus maiores apoios aquando da trágica morte do filho da atriz. Ou a paixão secreta com a cantora Dalida, com quem eternizou o clássico da música francesa “Paroles, Paroles”, ou ainda as mães dos seus filhos: Nathalie, mãe do seu filho mais velho Anthony, Rosalie Van Breemen, mãe de Anouchka e Alain-Fabien.
“À Luz do Sol”, de René Clément, “O Samurai”, de Jean-Pierre Melville, “A Piscina”, de Jacques Deray, onde voltou a contracenar com Romy Schneider já depois da separação, “O Leopardo”, e “Rocco e Seus Irmãos” de Luchino Visconti, são apenas alguns dos filmes que marcam o seu legado cinematográfico.
Os seus últimos anos, em que se debateu com graves problemas cardíacos e também de foro psicológico, não tiveram a beleza e o glamour que marcaram a sua vida e obra, mas a sua morte, apesar de anunciada, vestiu-se de enorme tristeza para aqueles que com que ele privaram.
“Acabou-se o baile. Tancredi foi dançar com as estrelas. A tristeza é muito intensa. Associo-me à dor de seus filhos, seus entes queridos, seus fãs…. (…) Per sempre tua (Sempre tua), Angelica”,” declarou a atriz italiana Claudia Cardinale, que contracenou com Delon em “O Leopardo”, numa alusão às suas personagens no filme.
Também Brigitte Bardot, outra das atrízes emblemáticas do cinema francês, reagiu à morte do ator através da sua Fundação: “Hoje, temos o coração pesado ao saber da morte de Alain Delon, um homem excecional, um artista inesquecível e um grande amante dos animais. Alain era muito mais do que um ícone cinematográfico. O seu compromisso marcou os nossos corações. Patrono do nosso primeiro Natal dos Animais, apoiou a nossa Fundação com rara generosidade. Alain também era amigo íntimo de nossa presidente Brigitte Bardot, que está devastada com a sua morte. A amizade deles, baseada no amor compartilhado pelos animais e no compromisso compartilhado com seu bem-estar, era preciosa e sincera.”
Uma homenagem à qual se juntou também o presidente francês Emmanuel Macron, que recorreu à rede social X para manifestar o seu pesar pela morte de Alain Delon:
“Sr. Klein ou Rocco, a Chita ou o Samurai, Alain Delon desempenhou papéis lendários e fez o mundo sonhar. Emprestou o seu rosto inesquecível para virar as nossas vidas de pernas para o ar.
Melancólico, popular, reservado, foi mais do que uma estrela: foi um monumento francês.”, pode ler-se.