Dois meses. Passaram-se dois meses desde que fiz uma manicura profissional pela última vez. É claro que, em tempos de pandemia, nesse período houve preocupações bem mais importantes do que arranjar as unhas, mas a verdade é que mal pude conter o entusiasmo quando fui informada de que o meu centro de estética preferido estava prestes a reabrir portas: finalmente ia poder livrar-me das minhas ‘garras’ azuis em degradé, graças ao crescimento natural.
Fiz a minha marcação para esta sexta-feira, 8 de maio, às 11 horas em ponto. À chegada, as diferenças eram logo visíveis: na porta, agora há postes separadores (como aqueles das filas nas discotecas), para garantir que só entra um determinado número de clientes e, acima de tudo, que cada uma delas traz consigo algum tipo de equipamento de proteção pessoal, quer seja ele uma máscara, uma viseira ou ambos – eu optei pela primeira opção. Fui recebida por uma das funcionárias, a Rayssa, também ela devidamente protegida, que me deu um frasco de álcool gel para que eu pudesse desinfetar as mãos. “Esta medida passou a ser obrigatória em todos os salões de beleza”, explicou-me.
De seguida, dirigi-me para a área da manicura. A cada passo que dava no chão de soalho flutuante, era impossível não reparar noutro sinal dos tempos que correm. Além de artigos de cosmética e de produtos para todos os tipos de cabelo, colocados nos expositores encostados às paredes brancas com detalhes cor-de-laranja, este centro também passou a vender dispositivos de proteção destinados à população geral, bem como desinfetantes de mãos. Aliás, eles até ganharam uma nova zona junto à caixa registadora, por onde as pessoas têm de passar à chegada e à saída, como quem diz: “Não se esqueça de se proteger a si, aos seus e aos outros”.
Além das novidades no que toca aos produtos, também era notório que o estabelecimento comercial estava atipicamente vazio. “Reabrimos no dia 4 de maio, mas não temos tido muitas marcações. As pessoas estão sem dinheiro e preferem aguardar pelo fim do mês”, explica-me Thayene, a minha esteticista, no nosso reencontro, desta vez sem os habituais beijinhos e abraços. Nesta nova realidade, os cumprimentos pessoais deixaram de fazer parte do ritual.
Quem for a um cabeleireiro ou a um salão de beleza nos próximos tempos também deve prepara-se para o facto de que será natural ver os profissionais de luvas, máscaras ou viseiras, e sempre de mangas compridas. Ultrapassada a estranheza, posso dizer que, pelo menos, o processo de manutenção das unhas de gel continua igual. As medidas de distanciamento social também não mudaram as ‘conversas de cabeleireiro’, os momentos bem passados na companhia de pessoas que já me conhece bem ou o profissionalismo de quem se senta do outro lado da bancada.
Apesar dos pesares, a minha experiência foi bastante positiva. Sim, as circunstâncias exigem cuidados especiais e tanto os espaços de beleza como os clientes estão a adapta-se. Aproveite o momento da marcação para tirar todas as suas dúvidas e lembre-se: se cada um fizer a sua parte, será possível retomar as rotinas que nos fazem sentir bem e ajudar a dinamizar a economia local (numa altura em que ela tanto precisa).