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O Verão já chegou e nunca é demais falar sobre temas que conciliam a saúde e o nosso bem-estar, pelo que é importante esclarecer as dúvidas que naturalmente surgem. Será que a incidência de infeções vaginais aumenta no verão e com a praia? Entramos na estação do calor, do sol quente, dos dias longos de praia e piscina, dos incontáveis e refrescantes mergulhos e do uso de bikinis e fatos-de-banho horas a fio! Porém, por diversos fatores, esta combinação pode não ser perfeita para a saúde íntima da mulher, mas, felizmente, existem medidas preventivas que podem e devem ser adotadas durante a época estival.
A flora vaginal dita normal é um sistema equilibrado constituído por cerca de 50 estirpes bacterianas que atuam numa harmonia quase perfeita, com o objetivo de proporcionar na mulher adulta em idade fértil o pH adequado ou fisiológico (ácido: 3.5 a 4,5) para que não surjam sintomas de desconforto ou infeção vaginal. Este ambiente é essencialmente constituído por lactobacilos (95%) e o bacilo de Döderlein, inauguralmente descrito por Albert Döderlein – ginecologista alemão- nos finais do século XIX, é responsável pela manutenção do meio ácido vaginal e supressão do crescimento excessivo de bactérias patogénicas.
No entanto, este equilíbrio pode ficar ameaçado por vários agentes externos o que pode originar as temidas e tão inconvenientes vaginites, que se traduzem por sintomas como o desconforto vulvovaginal que poderá estar associado a comichão com corrimento vaginal anormal, vermelhidão e irritação local. No Verão, com o calor extremo que se faz sentir e o aumento associado da sudorese existe uma maior tendência para que determinadas áreas do nosso corpo ganhem maior humidade, como é o caso de determinadas pregas cutâneas como as axilas, virilhas e também a região íntima.
O que, associado aos comportamentos típicos de quem está de férias, como por exemplo o permanecer longos períodos com o biquini húmido e os banhos frequentes no mar ou na piscina, podem, de facto, ser agentes agressores da mucosa vaginal nas mulheres mais suscetíveis, através de uma alteração do pH, favorecendo assim a proliferação fúngica ou de outros microrganismos.
Em resumo, o Verão e a falta de alguns cuidados associados aos comportamentos típicos desta época, podem de facto reunir as condições perfeitas para a proliferação fúngica vaginal, sendo a Candida albicans o fungo mais comum neste contexto. Contudo, existem outros agentes responsáveis por infeções (bacterianas) como é o caso da Gardnerella vaginalis, uma bactéria que se aproveita do desvio da flora vaginal nestas circunstâncias. O tratamento destes distúrbios deve ser adequado ao tipo de infeção identificada, sempre após observação especializada pelo ginecologista, que normalmente envolve a aplicação de creme vaginal e/ou comprimidos orais, antifúngicos ou antibióticos
E para aproveitar ao máximo a estação nada como prevenir! Leve no saco da praia uma muda de roupa seca para utilizar após os banhos ou realize uma boa exposição solar que permita a secagem quase completa do fato-de-banho e da pele, e privilegie o uso de roupas largas e vestuário íntimo de material não sintético. Boas férias!