Falamos das pessoas que têm dificuldades em aceitar o seu corpo e de o expor face a terceiros. Portanto, optam pelo caminho mais fácil, ficar em casa, não sem antes inventarem uma série de desculpas, melhor ou pior conseguidas, para não o fazerem. Com problemas, ou não, de excesso de peso, não conseguem lidar com o facto de terem de expor o seu corpo, não se sentem bem com ele e têm receio da censura.
Provavelmente, está aqui a primeira dica para perder a vergonha: não se preocupar com aquilo que os outros acham. Teremos sempre alguém que não vai gostar de nós ou de algo em nós, “despidos/as ou vestidos/as”, por isso, é melhor não nos preocuparmos com isso. Quanto mais damos importância, mais reforçamos a necessidade de os outros olharem para nós. O foco deve ser alterado e em vez de nos preocuparmos com aquilo que os outros vão achar, vamos tentar procurar o melhor lugar para estender a toalha, para ser possível usufruir da beleza da praia.
Ligada a esta dica, está outra muito importante: não pensar em padrões sociais de beleza. Afinal, qual é o certo? Não se foque em padrões de beleza pré-estabelecidos, ou, eventualmente, nas fotos dos famosos que vê no Instagram. Seja indiferente ao “bombardeio” diário de imagens de corpos perfeitos, não fique refém do sentimento de comparação. Não se esqueça do que significa a palavra EU – especial e único, logo, não há ninguém igual a si. Por isso, de nada vale a comparação. Fique bem consigo e aceite-se com a pessoa que é. Um exercício interessante pode passar por pensar o que gosta em si e no seu corpo. E se não conseguir identificar nada, claramente está a exagerar. Repita o exercício e vai perceber que estava mesmo a exagerar.
Uma terceira dica passa por não fazer este processo de forma abrupta. Sugiro que o faça de forma gradual. Por exemplo, comece primeiro por uma caminhada “vestido/a” na praia, de seguida, fique-se pela esplanada e, por último, estenda a toalha e usufrua da praia. Ao longo deste processo, acredito que vai ganhar confiança para chegar à fase final. Não tenha pressa, a sabedoria popular diz-nos que a pressa é inimiga da perfeição. Por isso, repita cada fase as vezes necessárias até conseguir passar à fase seguinte. Em cada fase, descentre-se de preocupações e aproveite para usar todos os sentidos para usufruir da praia, por exemplo ver a beleza da praia, ouvir o bater das ondas, cheirar a maresia ou sentir a areia.
Como quarta dica, sugiro a escolha do biquíni/fato de banho/calções certos. Se acha que nenhum é o certo, provavelmente, mais uma vez, está a exagerar. Experimente todos os que conseguir até encontrar o certo. Sabe que é o certo aquele que lhe permitir sentir-se bem, que reflete a sua personalidade e aumenta a sua confiança.
A quinta dica: nunca esqueça que o seu corpo não existe na sua essência para ser bonito, existe para lhe permitir expressar-se, comunicar e agir. A aparência do corpo é só uma parte de si, é muito mais do que o seu corpo. Lembre-se que ninguém é perfeito/a e o seu objetivo é, apenas, estar confortável consigo e ser feliz.
E ainda uma sexta dica: recorde diariamente que a forma como nos vemos nunca é igual à forma como os outros nos veem. Às vezes, tendemos a desvalorizar-nos. Adote uma atitude realista, coloque os “óculos rosa”, deite fora os “pretos” e veja-se. Vai ficar surpreendido/a com o que vê.
Por fim, uma sétima dica: a mudança é um processo, pelo que não é imediata. É natural que haja retrocessos e anseios, por isso, leve consigo algo que o/a distraia, assim muda o seu foco de pensamento. Experimente um livro, uma sopa de letras, um jogo ou mesmo música. Escolha em função dos seus interesses.
Lembre-se: a prática é sempre mais difícil que a teoria, mas não desista, faça as pazes com o espelho e vá consigo à praia em paz. Vai adorar a sua companhia!