Queridos pais,
Como uma criança de 3 anos que diz no supermercado: “Eu quero um chocolate!”, eu digo: “Eu quero as crianças felizes!” Bato o pé e só descanso quando isto acontecer. Cada uma delas. Quero crianças cheias de vida! Quero crianças equilibradas! Quero crianças saudáveis! Quero crianças descansadas! Quero crianças tranquilas! Quero crianças educadas! Quero crianças bem dispostas! Quero crianças amadas! Quero crianças com limites! Eu quero as crianças felizes!
Eu quero as vossas crianças assim. E vocês? O que se segue corresponde a 99% daquilo que as crianças precisam para serem felizes. O outro 1% digamos que pode corresponder à genética e desafios subjacentes e ao meio.
Lista de coisas essenciais para que as crianças sejam e cresçam felizes:
1 . Pais relaxados
Há pais tensos, que não param de olhar para os filhos e de andarem atrás deles, que estão constantemente preocupados sobre o que falta, ou se está tudo bem, a limpar a boca, a vestir casacos e a despir, sempre com uma preocupação permanente.
Não é o caminho pais. Mais stressados e ansiosos forem, mais ansiosos e stressados os tornam. Não tenham dúvidas. Trabalhem este aspecto em vocês. Permitam tirar algum TEMPO para vocês, para tratarem disto, para relaxarem, para se auto-controlarem e acalmarem. Pensem na forma como querem viver a parentalidade e a vossa nova vida em família. Se vocês relaxarem, tudo muda, tudo se tranquiliza. Vale a pena o esforço!
2. Pais seguros
Há pais que parecem e, com todo o respeito, “baratas tontas”, sem saber o que fazer. Seja perante uma birra, seja perante um pedido, seja perante um disparate, seja porque acorda durante a noite.
Muito difícil para as crianças lidarem com pais que não têm bem a certeza do que fazer naquele momento. Eles percebem tudo isso e sentem-se também extremamente inseguros. A vossa segurança evita imensas birras e conflitos. A vossa segurança transmite-lhes segurança em vocês e eles sentem: “Bom, se a minha mãe faz isto é porque sabe o que está a fazer.”
3. Pais que têm a noção dos seus limites e os impõem
Há pais que deixam os filhos fazer tudo. Não gostam do que os filhos fazem, mas ainda assim, permitem. Ou melhor e, para agravar, às vezes permitem, outras vezes não.
Então, tudo se complica. Os filhos não conhecendo os limites dos pais, lógica e naturalmente, não os respeitam. Uma criança que cresce sem a noção clara dos seus limites não é uma criança equilibrada. É uma criança que faz mais disparates do que é suposto, é uma criança com “personalidade forte” (como os pais gostam de chamar aos filhos mais desobedientes e teimosos) e as birras são, geralmente, o “prato do dia”.
Se for preciso criem para vocês próprios e para eles uma lista de regras, de limites aí em casa. Assim, poderão sempre consultar para que possam ser o mais consistentes possível.
4. Pais que dão um amor incondicional, mas não um amor cego
Há pais que dizem “pelos meus filhos eu faço tudo”. Eu discordo em absoluto com esta frase. Não considero que possa levar a uma relação saudável, antes pelo contrário. Pelos nossos filhos nós dizemos-lhes que “não” àquilo que achamos que “não”, nós dizemos “podes melhorar, porque ainda não está bem”, nós dizemos “eu existo, se eu não gosto ou quero fazer isto, por isso, vou fazer”.
Esta atitude mostra muita segurança, logo eles vão-se sentir mais seguros também. Vocês estão a dar-se ao respeito, logo eles irão respeitar-vos.
Oiço pais a dizer que perderam a sua própria vida, absorvidos pela vida dos filhos, exaustos por terem perdido a sua própria identidade, entre o ser humano que eram e aquilo que são hoje. As idas à praia são guerras armadas e muito cansativo, como qualquer outra coisa. Tudo se tornou um peso pesado.
Pais, não é suposto. Amem incondicionalmente, apenas. Os vossos filhos são a coisa mais importante para vocês, não é? Mas o que são eles sem vocês? Nada. Então, antes deles estão vocês. (Re)Posicionem-se!
5. Pais que os deixam ser crianças, não os (super)protegendo.
Há pais que não deixam os filhos cair, outros que não deixam os filhos brincar na rua, outros que não deixam os filhos sujarem-se, outros que (quase) não os deixam respirar.
Brincar livremente na rua e em casa, explorar o ambiente sem ouvir constantemente “cuidado com isto ou com aquilo!”, “olha aí!”, “vais cair!”, “não vás para aí porque sujaste!”, etc., é ser criança. É parte integrante de se ser humano. É difícil para nós? É. MUITO DIFÍCIL, mas senão for difícil para nós agora, será para eles mais tarde. Eles precisam MESMO, é OBRIGATÓRIO, que passem por todas estas provas e desafios para crescerem saudavelmente.
6. Pais-não-negociantes
Há pais que perguntam tudo aos filhos, pedem opinião, por tudo e por nada: “vamos para o carro?”, “queres comer sopa?”, “olha, agora vamos ver a madrinha, está bem?”, perguntam quando há opção, mas também quando há. É como se quisessem que eles fossem adultos em ponto pequeno. Querem, de alguma forma, fazer com que eles se sintam também ouvidos e façam parte das decisões em família.
Isto é um erro fulcral na comunicação de hoje em dia, entre pais e filhos. Pais, eles não têm a capacidade de decidir aquilo que SÓ VOCÊS saberão o que é o melhor. Eles acatarão, super felizes, por terem pais seguros.
Esta característica é a mais comum encontrar em pais que estão com problemas de autoridade e têm relações desgastantes com os filhos. São pais que têm dificuldade em impor a sua vontade. Dão à escolha DECISÕES que deveriam ser eles a tomar e permite que a criança escolha por ele. São pais que conversam muito sobre os prós e contras de tudo, sem, muitas vezes, a criança sequer ter esse raciocínio ou percepção. As crianças precisam de “luzes”, de um “guia”, de alguém que diga “agora vamos fazer assim, depois da outra maneira”, “agora são horas de jantar, depois é que, se houver tempo suficiente, brincas com o puzzle”. Isto não é ser autoritário. É essencial, para elas, para vocês e para a relação entre os dois que determinadas decisões sejam tomadas pelos adultos, sem negociação em que os adultos informam o que vai acontecer, não perguntam o que vai acontecer.
Dêem a escolher, por exemplo, se preferem sopa de nabiças ou espinafres (se houver esta escolha), ou se preferem os calções azuis ou verdes, apenas decisões destas. Quando são horas de ir dormir, são horas de ir dormir. Quando é hora de ir embora, então é hora de ir embora. Não é opcional. Nunca se esqueçam que VOCÊS É QUE SÃO OS GUIAS.
7. Pais que levam o sono a sério
Há pais que acham que ser mãe ou pai é não dormir nunca mais, é andar ao ritmo das crianças, é “aguentar”, é “assim, faz parte”, é “uma fase e vai passar um dia”.
A privação de sono destrói famílias. Ninguém dorme, anda tudo estafado, os dias são difíceis, a nossa paciência encurta para menos de metade da normal, a adaptação a uma nova vida, chamada filho/a (como tudo o resto que isto traz) é difícil. E quantos casamentos deixam de existir? Quantas crianças estão no meio, a dividir pais e mães? Até quando eles lá permanecem? Casais conseguem recuperar este tempo? Quando? Será depois demasiado tarde? Quando pensei em construir uma família com o meu marido era isto que eu imaginava? Porque é que agora eu nunca durmo com o meu companheiro de vida e tenho o meu filho ao lado? Isto é normal? É só uma fase? Até quando? Até quando, pais? Até quando vão adiar esta questão? Do que esperam?
O cansaço é destrutivo. Imaginem vocês ser possível deitá-lo na cama, cedinho, e terem o serão para vocês os dois. Ou só para si. Pode tratar das unhas, ou simplesmente, tratar da casa, ler um livro, ver aquela série. Saber que a noite vai ser tranquila, sem dramas. Que vai dormir bem, descansar otimamente e amanhã é um novo dia. O Sol brilhará e todos em casa estão super bem-dispostos. Isto sim, deve ser e é a parentalidade.
Já há tantos desafios associados, mas tantos outros que estão apenas nas nossas mãos. E isso é maravilhoso.
O meu trabalho é ajudar-vos em aplicar tudo isto de forma simples e juntos fazemos um trabalho incrível. Ver famílias a precisar de uma âncora, de um mapa, depois vê-las, descansadas, a levar o barco é das sensações melhores que posso ter. Obrigada a todas que confiaram em mim. A vocês, aguardo para nos vermos ou falarmos em breve. Está na hora de mudar para MUITO MELHOR e VIVER A PARENTALIDADE COMO UM SONHO. Abracem a mudança!
No fundo, a base de uma criança feliz é ter pais felizes, confiantes, tranquilos, consistentes e conscientes. EU QUERO OS VOSSOS FILHOS FELIZES! E sei que vocês também.
Até já. Beijinho e abraço,
Carolina