A possibilidade de preservação da fertilidade surgiu a par da evolução das técnicas laboratoriais que permitem congelar ovócitos sem que estes percam a sua capacidade de fertilização. Se no início se destinava a doentes oncológicas que iriam ser sujeitas a quimioterapia, essa indicação alargou-se rapidamente a outras necessidades. O social egg freezing surge pela necessidade ou conveniência de adiar a maternidade por razões pessoais, sociais ou económicas.
Em países como, por exemplo, os Estados Unidos da América, empresas de renome oferecem e custeiam a preservação da fertilidade às suas colaboradoras, de forma a beneficiar a empresa e as próprias, numa fase crucial da carreira. Já no nosso país este tema não tem sido abordado com a devida pertinência, mas não param de nos chegar solicitações de mulheres conhecedoras dessa possibilidade e conscientes dos riscos de protelar a maternidade. Para muitas mulheres, já não é a doença oncológica que as impede de serem mães, mas a implacável passagem do tempo.
São injustas as críticas com o argumento de que as mulheres devem ter filhos mais cedo. Se, por vezes, a mulher ainda não está certa de querer ter filhos, sabe-se que na maioria dos casos o adiamento acontece porque ainda não encontrou um parceiro. Para se trazer filhos ao mundo num projeto de parentalidade consciente, não basta encontrar um qualquer homem com a função utilitária de providenciar esperma ou ser pai sem o desejar.
Esta circunstância é cada vez mais referida por mulheres que, após algumas relações sem futuro, se vêm forçadas a recorrer a Inseminação, ao tomarem consciência do declínio da sua fertilidade. Por vezes, de forma inesperada e dolorosa, acabam por se ver confrontadas com a impossibilidade de fazerem tratamento com os próprios ovócitos e, por conseguinte, com a necessidade de recorrerem também a óvulos doados. Muitas referem com pesar não terem sido suficientemente alertadas para a possibilidade do congelamento de ovócitos quando eram mais férteis.
Preservar a fertilidade não deverá ser encarado como um “seguro de vida com retorno certo”, sendo que, com as atuais técnicas de congelamento por vitrificação, cerca de 85 a 90% dos óvulos resistem ao processo de descongelamento. Contudo, recomenda-se o congelamento bem abaixo dos 35 anos. Se uma mulher protelar este processo, pode comprometer muito o sucesso na sua utilização futura. Tal como para a preservação do esperma, não há limite de tempo de criopreservação de óvulos. A criopreservação de gâmetas é feita por um período de 5 anos renováveis, caso seja esse o desejo dos próprios.
Atualmente, a preservação da fertilidade por razões sociais é feita apenas em clínicas privadas, pois, devido à limitação de meios e custos no SNS, os centros públicos só o fazem por motivos de doença oncológica. As mulheres que nos procuram para preservação dos seus óvulos têm bom nível socioeconómico. No entanto, por conta da carreira académica ou profissional, ou porque ainda não encontraram o parceiro ideal, não podem neste momento ser mães. Mas mantêm esperança de, no futuro, virem a constituir família.
Também recorrem à Ava Clinic algumas mulheres estrangeiras, agradadas com a possibilidade de fazerem a preservação da sua fertilidade de forma legal, segura e com menores custos em relação aos praticados nos países de origem. Esses seus óvulos aguardam por elas, para quando o seu projeto de maternidade se puder concretizar!