A asma é uma doença inflamatória crónica das vias respiratórias, caraterizada pelo estreitamento dos brônquios, que se manifesta, habitualmente, com sintomas como a dificuldade em respirar, a pieira (som tipo “assobio” que se ouve durante a respiração), a tosse e a sensação de aperto no peito. Estes sintomas têm caráter intermitente e podem ser desencadeados por diferentes estímulos, tais como a exposição a alergénios (ácaros, pólen, pêlo de animais), exercício físico, infeções respiratórias, fumo de tabaco, poluição atmosférica ou até mesmo o riso ou cheiros intensos.
A asma tem uma elevada prevalência em todo o mundo, afetando mais de 300 milhões de pessoas de todas as faixas etárias. Em Portugal, são mais de 700 mil doentes com asma, dos quais 35 mil podem ter a forma mais grave da doença. Apesar da elevada prevalência, cerca de metade dos doentes não tem a sua asma controlada, verificando-se, nestes casos, um forte impacto na sua vida, nomeadamente, aumento do número de idas ao serviço de urgência, hospitalizações, absentismo profissional e escolar e diminuição da qualidade de vida do doente e da família. Nos casos mais graves, uma crise de asma pode mesmo levar à morte, se não for tratada atempadamente.
O diagnóstico é geralmente realizado com base nos sintomas, na comprovação da reversibilidade dos mesmos com o uso de broncodilatadores e na realização de exames complementares de diagnóstico, nomeadamente: a espirometria, exame que avalia a função pulmonar; testes de alergia cutâneos, quando há suspeita de que a asma seja desencadeada por inalação de alergénios; análises ao sangue, para avaliar o perfil de inflamação e, nalguns casos, radiografia do tórax.
Existem diferentes tipos de asma, sendo a mais comum a asma alérgica, com início frequente na infância, muitas vezes associada a rinite alérgica, eczema ou alergia alimentar, bem como a história familiar de doenças alérgicas. Os casos não alérgicos são geralmente diagnosticados na idade adulta e podem estar associados a outros fatores, como exposição ocupacional ou obesidade.
A asma pode estar associada a várias comorbilidades que contribuem para um pior controlo dos sintomas, nomeadamente, a rinossinusite crónica (com ou sem polipose nasal), doença do refluxo gastroesofágico, obesidade, síndrome de apneia obstrutiva do sono, depressão e ansiedade.
A asma não tem cura, mas a grande maioria dos doentes consegue controlar a sua doença com terapêutica inalatória adequada. Com o controlo da asma pretende-se obter ausência de sintomas, manter um nível normal de atividade quotidiana e reduzir o risco de futuras exacerbações.
Os dispositivos inalatórios contêm corticoides que reduzem a inflamação brônquica, sendo fundamentais no controlo dos sintomas, prevenção das crises e declínio da função pulmonar. Contêm também broncodilatadores que reduzem a obstrução brônquica e aliviam os sintomas.
Na maioria dos casos, a terapêutica inalatória deve ser utilizada de forma regular, mesmo na ausência de sintomas.
Associado ao tratamento farmacológico é fundamental evitar certos desencadeantes como alergénios, inalantes ocupacionais, fármacos ou mesmo alimentos e deve ser promovida a cessação tabágica. Os doentes com asma devem ter um estilo de vida saudável, que envolve atividade física regular e uma dieta equilibrada.
Entre 5 a 10% dos casos de asma são graves, correspondendo a um subgrupo de doentes que permanece sintomático, apesar da medicação em doses elevadas. Atualmente, já existem tratamentos que permitem melhorar a qualidade de vida das pessoas com asma grave. A asma grave não controlada requer uma gestão da doença a longo prazo, com foco na redução dos sintomas, das exacerbações e do uso excessivo de corticosteroides orais.
Se tem a sua asma não controlada, procure um médico especialista!