
Foto Pexels7 Văn Thắng
O inquérito “O que sabem os portugueses sobre a infertilidade e a preservação da fertilidade” veio demonstrar a necessidade de promover a literacia dos portugueses no tema da infertilidade, já que o assunto raramente é abordado nas consultas médicas e, quando o é, a iniciativa é dos pacientes.
Assim, é importante formar os médicos no âmbito dos Cuidados de Saúde Primários para a importância da prevenção e tratamento precoce da infertilidade. Tenho vindo a sugerir que se possa abordar esta questão no âmbito das consultas de planeamento familiar, já que este não pode ser reduzido à prescrição de métodos contracetivos.
Efetivamente, sendo a idade a principal determinante da fertilidade feminina, e atendendo à tendência para adiar a idade da primeira gravidez, é fundamental que as mulheres tenham conhecimento do declínio da fertilidade associado à idade, bem como da possibilidade de avaliar a sua reserva ovárica e excluir situações que possam levar a uma falência ovárica prematura que inviabilize o projeto de parentalidade.

O inquérito mostra que metade dos inquiridos não sabe que existe um marcador de reserva ovárica que pode ser determinado no sangue e cujos valores podem alertar para este risco. Por outro lado, os participantes do inquérito também não conhecem as opões de preservação da fertilidade através da criopreservação de óvulos, técnica que, se executada numa idade jovem, permite adiar a gravidez para idades mais avançadas, em que esta seja desejada.
Em suma, os resultados do inquérito, tal como de outro estudo que coordenámos há cerca de 8 anos, demonstram que a população portuguesa tem um baixo nível de literacia numa área que consideram fundamental, já que a maioria dos indivíduos deseja ter filhos.
Importa, pois, promover a formação dos profissionais de saúde, particularmente no âmbito dos Cuidados de Saúde Primários, mas também é importante começar a abordar estas questões na escola para que os portugueses possam efetivar fazer as suas escolhas de parentalidade com informação rigorosa e atualizada.
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a ACTIVA nem espelham o seu posicionamento editorial.