“Competências verdes para a juventude: Rumo a um mundo sustentável” é o tema definido pelas Nações Unidas para o Dia Internacional da Juventude 2023 que se celebra anualmente a 12 de agosto com o objetivo de reconhecer o papel fundamental dos jovens nas sociedades.
Mas os jovens na sociedade portuguesa são em número cada vez menor. Em 1961 havia 27,5 pessoas com mais de 65 anos por cada 100 jovens com menos de 15 anos, já em 2022 passaram a 183,5 por cada 100 jovens. O aumento da esperança de vida e a diminuição dos nascimentos deixou a população jovem portuguesa reduzida a 15% do total.
Um Mundo sustentável é o objetivo para este ano internacional da Juventude, mas para que este se concretize é necessário que os jovens, apesar de serem agora em menor número, sejam saudáveis.
As doenças cardio e cerebrovasculares são a principal causa de morte na população portuguesa. Cerca de 80% das mortes que ocorrem antes dos 65 anos podem ser evitáveis mediante a adoção de um estilo de vida saudável.
O colesterol elevado é, sem dúvida, um dos maiores problemas que os nossos jovens vão encontrar pela frente. Prevenir é acautelar mas só se pode evitar o que se conhece e a existência de fatores de risco assintomáticos, mas evitáveis, se desconhecidos, podem ameaçar a sustentabilidade que se deseja aos jovens, neste Dia Internacional da Juventude.
Um estudo da Fundação Portuguesa de Cardiologia mostra que cerca de dois terços da população adulta portuguesa têm o colesterol elevado, tendo a causa duas origens:uma parte produzida pelo próprio organismo, em particular pelo fígado, e outra obtida através da alimentação, sobretudo pela ingestão de produtos animais, ricos em gordura e colesterol, como a carne, os ovos e os produtos lácteos.
O organismo necessita de colesterol para produzir as membranas (paredes) celulares, hormonas, vitamina D e até os ácidos biliares que ajudam a digerir os alimentos. No entanto, o nosso organismo só necessita de uma muito pequena quantidade de colesterol para satisfazer as suas necessidades.
O colesterol é a causa da aterosclerose (acumulações de colesterol) que reduzem o calibre dos vasos, dificultando o afluxo de sangue aos órgãos e tecidos do organismo sendo que, estas placas, podem formar-se em qualquer artéria do corpo humano.
Se ocorrem nas artérias carótidas do pescoço estamos perante a doença carotídea, que pode provocar acidentes vasculares cerebrais. Quando se formam nas artérias coronárias (que fornecem o sangue ao coração) causam a doença das coronárias. Se o sangue oxigenado não chegar em quantidade suficiente ao músculo cardíaco, na sequência de um esforço ou emoção, pode ocorrer uma dor no peito: a chamada angina de peito. Se a obstrução da artéria coronária for completa pode desencadear um enfarte do miocárdio.
O colesterol é uma gordura que circula no sangue ligado a uma proteína. Este conjunto colesterol – proteína é, por isso, conhecido por lipoproteína. As lipoproteínas são classificadas, de acordo com a sua densidade, em altas, baixas ou muito baixas, em função da respetiva proporção de proteína e gordura em cada uma, o que determina a respetiva densidade. Há as Lipoproteínas de baixa densidade (LDL) que são vulgarmente conhecidas como “mau” colesterol, por ser aquele que se deposita na parede das artérias, provocando aterosclerose e quanto mais altas forem as LDL no sangue, maior é o risco de doença cardiovascular. Há também Lipoproteínas de alta densidade (HDL): também conhecidas por colesterol “bom”, responsável pela limpeza das artérias, pelo que quanto mais altas forem menor o risco de surgir doença cardiovascular.
São vários os fatores que influenciam os níveis de colesterol no sangue. A alimentação, através do consumo excessivo de gorduras de origem animal, como as carnes gordas, o presunto, o leite e queijo gordos, a manteiga, as charcutarias, a fast-food, etc. O peso corporal excessivo aumenta o colesterol por isso controlá-locontribui para a redução dos níveis de colesterol das LDL e tem ainda a vantagem de elevar as HDL. A atividade física regular diminui o colesterol das LDL e sobe as HDL e, nesse sentido, aconselha-se a prática de pelo menos 30 minutos diários de atividade física, como por exemplo a marcha em passo rápido. A hereditariedade também determina a quantidade de colesterol que cada organismo produz sendo que há famílias em que o colesterol é caracteristicamente mais elevado.
As Sociedades Científicas Europeias recomendam como valores normais um colesterol inferior a 190 mg/dl, quando se trata da população em geral; no caso dos doentes com patologia coronária ou outra doença aterosclerótica (acidente vascular cerebral, doença vascular periférica, etc.), diabetes ou insuficiência renal recomendam-se valores de colesterol inferiores a 175 mg/dl.
Recentemente as Sociedades Científicas Europeias relevantes na área das dislipidemias, concluíram que o colesterol das LDL tem uma relação causal com os eventos cardiovasculares ateroscleróticos. Neste âmbito, advogam o conceito de “quanto mais baixo melhor”. O objetivo é atingir níveis de colesterol das LDL significativamente mais baixos, recomendando valores respetivamente inferiores a 100 mg/dl para a população em geral e a 70 mg/dl nos doentes de alto risco. Já para os doentes de muito alto risco (com risco de morte cardiovascular a 10 anos superior a 10%), os níveis a alcançar devem ser inferiores a 55 mg/dL e ainda obter, através da terapêutica, uma redução de pelo menos 50% relativamente aos níveis iniciais.
Adotar uma alimentação saudável, praticar regularmente exercício físico, não fumar e seguir os conselhos médicos é tornar mais sustentável uma juventude que, apesar de ser em menor número que num passado recente, queremos que tenha um futuro saudável.
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