Nunca é demais falar sobre cancro digestivo, dada a elevada incidência e prevalência na população portuguesa. Este grupo de cancros, que podem afetar o esófago, estômago, intestino, fígado e pâncreas, corresponde a cerca de um terço de todos os cancros diagnosticados.
Entre os cancros digestivos, o mais frequente é o cancro do intestino. Apesar disso, este é um dos exemplos de cancros cuja prevenção está, em grande parte, nas nossas mãos.
Normalmente, o tumor desenvolve-se muitos anos antes, em lesões pré-malignas (os pólipos), que podem ser removidas durante uma simples colonoscopia, sem necessidade de recorrer à cirurgia. Com apenas um exame, o doente fica curado e a prevenção do cancro do intestino fica feita.
Assim, é fundamental que as pessoas que não apresentam sintomas, a partir dos 50 anos, iniciem o rastreio do cancro do intestino, realizando com regularidade colonoscopias e análises para deteção de sangue nas fezes. No entanto, independentemente da idade, sinais como alteração dos hábitos do intestino, sangue nas fezes, dor abdominal, perda de peso sem razão aparente e anemia podem ser indicativos de cancro do intestino, e devem motivar a realização de uma colonoscopia. Também no caso de história familiar de cancro do intestino, pode ser necessário realizar a colonoscopia mais cedo ou com maior regularidade.
Relativamente ao cancro do estômago, a situação é diferente, porque normalmente não é antecedido de uma lesão pré-maligna. Os sinais de alerta são dificuldade em fazer as digestões, perda de apetite, emagrecimento, enfartamento e vómitos persistentes. Caso os apresente, é fundamental realizar uma endoscopia digestiva alta e pesquisar a presença da bactéria Helicobacter pylori. Quando esta bactéria é detetada, deve ser eliminada através de antibióticos e protetores gástricos.
Por sua vez, o cancro do esófago é raro, mas está associado a fatores de risco bem conhecidos: álcool e tabaco. Assim, é fundamental eliminar da sua rotina estes hábitos nocivos. Sempre que surge dificuldade em engolir, deve chamar a atenção para este tipo de cancro — é um dos sinais de alerta.
Já os tumores do pâncreas, uns dos mais temidos, são silenciosos e apresentam uma elevada taxa de mortalidade. Sempre que surja emagrecimento inexplicado, dor abdominal ou dor nas costas e icterícia (pele e olhos amarelos) deve procurar-se, imediatamente, ajuda médica.
Por fim, os tumores do fígado surgem, normalmente, associados ao abuso do álcool e às hepatites. As pessoas que têm este tipo de problemas de saúde devem ser regularmente seguidas pelo seu médico assistente.
Devemos estar atentos aos sinais do nosso corpo e olhar pela nossa saúde, ter hábitos de vida saudáveis e não desvalorizar sintomas persistentes. Esta pode ser a diferença entre um diagnóstico precoce ou tardio. Olhe por si, olhe pela sua saúde.
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