180 litros por dia, se tudo estiver em perfeito funcionamento! É neste processo que removem substâncias tóxicas e que garantem o equilíbrio da quantidade de água existente no nosso corpo.
No entanto, em algumas pessoas, os rins não conseguem filtrar esta quantidade de sangue por doenças que afetam os rins, como a diabetes e a hipertensão arterial. Outras enfrentam deficiências no processo de filtragem, que resultam na presença persistente na urina de proteínas ou de células do sangue. Nestes casos, estamos perante doença renal crónica, uma patologia irreversível que, nas fases iniciais, não apresenta sinais. Como tal, e estimando-se que cerca de 10% da população portuguesa apresente algum grau de doença renal crónica, é importante agir em fases precoces, controlando a doença e evitando que evolua para estadios mais avançados, onde a diálise e o transplante renal são as opções disponíveis para os doentes em falência renal. Os estudos também nos indicam que a prevalência da doença aumenta com a idade, tendo-se verificado que 1 em cada 2 portugueses com mais de 70 anos apresenta algum grau de doença renal.
Assim, é importante estar muito atento aos sinais de alerta, nomeadamente, ao edema dos membros inferiores (“pés ou tornozelos inchados”), ao edema palpebral matinal, à urina espumosa, ou à hipertensão de difícil controlo. Sabendo que a diabetes, a obesidade e a hipertensão são grandes causas para a o desenvolvimento de doença renal crónica, é desejável uma maior atenção por parte destas pessoas. O mesmo cuidado é necessário com a população mais idosa.
O diagnóstico da doença renal crónica passa pela realização de análises ao sangue e à urina, muitas vezes complementadas pela avaliação dos rins, através de ecografia. Um acompanhamento regular pelo médico de família, ou outro médico, e a realização periódica destas avaliações é crucial para a deteção precoce da patologia que, em fases mais avançadas, é acompanhada pela nefrologia.
Em termos de recomendações, relembro que é crucial ter uma alimentação saudável, não fumar, praticar exercício físico, manter um peso ideal e ingerir água. Também é recomendável que se evite o abuso de medicamentos anti-inflamatórios. Estas recomendações são importantes para quem tem doença renal crónica ligeira ou para quem pretende evitar o seu desenvolvimento.
Atuar precocemente na doença renal crónica beneficia o doente, melhorando a sua qualidade de vida e evitando o risco de desenvolver doenças associadas, nomeadamente do coração e dos vasos, com impacto na redução da taxa de mortalidade; também beneficia o sistema de saúde, reduzindo os custos e aumentando a capacidade dos serviços; a economia, ao diminuir as faltas ao trabalho dos doentes e dos seus cuidadores e reduzindo a produtividade; o ambiente, visto que a diálise tem grande impacto ambiental; e os cuidadores, libertando-os da carga emocional e logística imposta pela doença.
Faça a sua parte. Cuide de si e dos seus rins!
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