O que é a Agorafobia?Agorafobia e a importância de confrontar os medos
A Agorafobia é uma perturbação de ansiedade caracterizada pelo medo de estar em situações ou locais que sejam percecionados como inseguros e dos quais possa ser difícil escapar. Nalguns casos, o medo poderá ser exacerbado pela preocupação acrescida de ter um ataque de pânico em público sem a garantia de ajuda imediata.
Como se desenvolve a Agorafobia?
As causas da Agorafobia são complexas e envolvem uma combinação de fatores biológicos, psicológicos e ambientais. Uma predisposição genética, irregularidades na produção de serotonina, ou uma amígdala hiperativa pode tornar uma pessoa mais vulnerável face a uma experiência adversa, onde perceciona perda de controlo ou incapacidade para escapar à situação. Esta experiência de insegurança, desproteção e desamparo irá fazer com que desenvolva uma baixa tolerância a situações ou locais de risco que evoquem novamente a perceção de falta de controlo ou de dificuldade em escapar. A perceção de risco elevado e os pensamentos catastróficos de que algo de mal pode acontecer, poderá levar ao evitamento de certas situações ou locais, o que reforça a crença de perigo, mantendo a ansiedade.
Tratamento da Agorafobia
A terapia de exposição é uma das formas mais eficazes de combater a ansiedade e é baseada em princípios psicológicos bastante investigados. A exposição tem como objetivo diminuir o medo, confrontando-o. Quando confrontamos, durante um período de tempo suficientemente longo, o nosso medo face a uma situação ou a um local, a nossa mente acaba por se adaptar a esse estímulo. Desse modo, criamos uma habituação ou dessensibilização, diminuindo o stress. Ao nível cognitivo, o objetivo da exposição é maximizar a discrepância entre a crença que algo vá correr mal e o facto de que afinal não corre. Um estudo publicado na Behaviour Research and Therapy, sugere que a eficácia da exposição assenta justamente na erradicação das crenças negativas face ao estímulo temido.
Preparação de uma exposição para tratar a Agorafobia
Na Agorafobia, a exposição pode ser feita à situação ou ao local que evita, ou às reações fisiológicas que sente (tonturas, falta de ar, náuseas). A exposição deve ser orientada por um(a) psicólogo(a), especialmente se tiver alguma preocupação com a sua reação à exposição ou se sofre de um problema cardíaco.
Durante a exposição devem ser consideradas as seguintes orientações:
- Identifique as situações ou os locais que teme e classifique-os de acordo com o grau de ansiedade que lhe provocam (por exemplo: Ansiedade baixa: dar um passeio fora de casa; Ansiedade média: ir ao supermercado; Ansiedade alta: andar em transportes públicos);
- Identifique e ponha em questão a racionalidade dos pensamentos relacionados com os seus medos;
- Exponha-se, de forma gradual, às situações ou locais que identificou. Comece pela situação ou pelo local que menos ansiedade lhe causa. Fique na situação ou no local até sentir que a ansiedade está a diminuir;
- Volte novamente à situação ou ao local e exponha-se por um período de tempo mais longo. Repita as exposições até sentir que está dessensibilizado a esse estímulo. Quando sentir que alcançou a habituação, passe para a próxima situação ou local da sua lista e repita o processo de exposição;
- Celebre as suas conquistas!
- Lembre-se que, o pânico e a paranoia podem ser reduzidos com um exercício muito simples: respirar. Respire pelo nariz durante 4 segundos e expire pela boca durante 7 segundos. Esta é a forma mais rápida de comunicar ao cérebro que não está numa situação de perigo;
- Continue a expor-se, mesmo depois de sentir que já alcançou a habituação. Uma coisa é conquistar a sua ansiedade, outra coisa é mantê-la longe de si.
A exposição aos medos é uma das técnicas mais poderosas na redução da ansiedade, libertando-o(a) do confinamento da sua zona de conforto e aumentando a sua auto eficácia, confiança e motivação.
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a ACTIVA nem espelham o seu posicionamento editorial.