Mulheres de meia-idade são especialistas em equilibrar mais do que um malabarista do Cirque du Soleil: dão assistência a pais idosos, cuidam de filhos adolescentes, cuidam dos seus primeiros sinais de deterioração de saúde, dão apoio aos/às/ seus/suas parceiros/as nos primeiros sinais de doença (costumam aparecer na meia-idade), acomodam mudanças laborais (decorrentes de, por ex., progressão na carreira), entre outros desafios.
E, neste já exigente equilíbrio, chega a peri-menopausa. Esta fase é marcada por alterações no ciclo menstrual (que se torna agora significativamente mais curto ou mais longo, com uma diferença de mais ou menos 7 dias do que o habitual) e/ou períodos de amenorreia superiores a 2 meses. A menopausa, último período menstrual, marcará mais à frente (em média, por volta dos 51 anos) o final da fase reprodutiva da mulher. Nesta fase de transição para a menopausa pode haver menstruações com grandes hemorragias (que podem exceder a capacidade de absorção de um penso higiénico e provocar desconforto em locais públicos), sensação exacerbada de calor na cabeça e pescoço com eventual sudação (sintomas vasomotores), alterações de humor, ganho de peso, impacto na vida sexual (por ex., secura vaginal), alterações no aspecto da pele, entre outros. E ainda que a grande parte das mulheres não sinta sintomas muito exacerbados, algumas passam por esta fase a sentir um fardo acrescido.
Entra aqui a necessidade de procura de ajuda especializada junto de profissionais de saúde e iniciativas pessoais de auto-cuidado. Assim, a procura de ajuda médica é essencial nesta fase, para mulheres que sintam sintomas intensos. Mas é também essencial a implementação de comportamentos de auto-cuidado. Estes incluem:
1) Uma boa higiene de sono (descansar o necessário);
2) Comer de forma saudável e de acordo com as necessidades nutricionais para esta faixa etária e estado de saúde pessoal, para evitar o aumento de peso nesta fase – muitas mulheres referem que não estavam à espera deste aumento de peso na fase de menopausa e por isso não tinham ferramentas para o evitar – como poderão haver ajustes necessários para evitar o incremento do peso corporal, o nutricionista é um importante aliado neste auto-cuidado;
3) Fazer exercício físico regular vai ajudar a evitar a natural perda de massa muscular que acontece com o envelhecimento – aconselhe-se com o seu médico para saber o tipo de exercício físico que é mais adequado para o seu estado de saúde);
4) Construir momentos de relaxamento – o stress é um activador de sintomas vasomotores e por isso aprender a relaxar pode dar-lhe vantagem na atenuação destes sintomas – experimente mindfulness, caminhadas, exercícios de relaxamento);
5) Cuidar da saúde mental, ou seja, se sentir alterações de humor ou sofrimento psicológico, procure um psicólogo/psicoterapeuta (por ex., a terapia cognitivo-comportamental tem sido provada eficaz na gestão dos sintomas de menopausa);
6) Cuidar das relações pessoais de qualidade, onde se sente acolhida e que a deixam satisfeita (com amigos, familiares, colegas, com mulheres que estão a passar também pela transição para a menopausa) é igualmente um factor associado a melhor saúde mental e física.
Sabendo que os sintomas vasomotores são os sintomas de menopausa mais frequentes, algumas estratégias específicas poderão ajudar: vista-se em camadas finas para conseguir gerir a temperatura corporal, tome duches frios, mantenha o quarto arrefecido à noite, tenha uma ventoinha portátil ou leque que possa usar em transportes públicos ou no local de trabalho; o exercício físico, a perda de peso (se tiver peso excessivo) e evitar comida picante irá igualmente ajudar.
Sabendo que a menopausa é um acontecimento natural na vida da mulher, muitas mulheres vêem benefícios: cessação das menstruações, maior liberdade sexual, poupança financeira com uma menor necessidade de produtos de higiene íntima (pensos e tampões).
Observe as mudanças que, entretanto, se vão instalando, avalie a forma como se sente, procure ajuda, se necessário, e invista fortemente no seu auto-cuidado. Afinal, um excelente malabarista não consegue equilibrar tudo se não estiver seguro no seu próprio equilíbrio.
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