Já muitos pais apanharam sustos quando faziam às crianças a pergunta da praxe quando não se tem mais nada de que falar, e receberam impavidamente respostas como: "quero ser solteiro", ou "caçador de lagartos", ou mesmo laconicamente "rico."

Quando eles são pequenos, facto e fantasia misturam-se alegremente e eles mudam de profissão todos os dias conforme os filmes que vêem, as pessoas que conhecem ou os sítios onde vão. Uma noite no circo tem logo como resultado que metade da família pretenda ganhar a vida como trapezista ou domador de elefantes (nunca ninguém quer ser palhaço, os mais pequenos percebem instintivamente quais são os empregos com mais ‘status’), um tio médico faz com que pelo menos metade dos sobrinhos queira usar estetoscópio, e uma prima bailarina inspira metade das meninas a inscreverem-se na dança. E se há quem queira ser solidamente ‘cozinheiro’ durante anos a fio, também há quem mude de profissão todos os dias, hoje astronauta, amanhã zoólogo.

Depois também há as ‘profissões da moda’: as raparigas querem todas ser modelos e os rapazes futebolistas, e tanto rapazes como raparigas querem ser actores e jornalistas. Muitos dos mais velhos já escolhem as profissões baseados naquilo que vão ganhar, que é uma abordagem prática mas nem sempre tão realista como parece…Afinal, a gratificação imediata não existe, e passar a vida toda a exercer uma profissão com a qual não se tem a mínima afinidade só por casua do dinheiro, não parece lá muito boa ideia como proposta de futuro.

É possível adivinhar?

Há de facto famílias que parecem apresentar certa predisposição para uma profissão: toda a gente conhece clãs de médicos, advogados, empresários, políticos, escritores, ou toureiros. Mas também aparecem génios da música em famílias onde toda a gente é dura de ouvido até à quinta geração, e bailarinos educados por militares, e agricultores no fim de uma longa linhagem de citadinos.

O que é inegável é que desde pequenos eles vão dando sinais que mostram para que área se inclinam mais. Segundo os psicólogos, existem pelo menos sete tipos de inteligência:

– Visual – São os que, para explicar qualquer coisa, pegam imediatamente em caneta e lápis. Gostam de desenhos, de mapas, de puzzles, de tirar fotografias e de fazer esquemas, e no futuro podem dar em artistas, gráficos, arquitectos, decoradores, engenheiros.

– Verbal – São talvez os mais fáceis de reconhecer: são os que têm ‘jeito para línguas’ os que explicam tudo muito bem explicadinho, os que andam sempre agarrados a um livro e escrevem diários e poemas. Podem vir a ser escritores, jornalistas, professores, advogados, tradutores.

– Lógico – Não se atrapalham nada com números, gostam de desafios, são sensatos e analisam tudo antes de tomar decisões. Possíveis carreiras: cientista, informático, economista, matemático.

– Físico – Corre o risco de ser uma vocação pouco valorizada nos dias que correm, mas não tente cortar-lhe a vocação se ele tem imenso sentido de ritmo e de movimento, dança ou joga muito bem, ou tem muito jeito de mãos. Pode dar um excelente bailarino, atleta, treinador, actor, bombeiro, artesão ou mesmo cirurgião…

– Musical – Passa muitas vezes sem ser descoberta nem desenvolvida porque não está presente em muitas escolas e portanto não é detectada. Perdem-se assim muitos músicos, disc-joqueis, cantores, compositores.

– Interpessoal – Como é um tipo de inteligência vista mais como um traço de carácter do que uma vocação, também não é muito vista como uma possível indicação de vida futura. Mas esteja atenta se a sua criança tem o dom de compreender e ouvir os outros. Pode estar ali uma psicóloga, vendedora ou mesmo política!

– Intrapessoal – Geralmente desenvolve-se em crianças mais crescidas e é rara nas mais pequeninas. São aqueles que entendem muito bem os seus próprios pontos fortes e fracos e percebem de que maneira os pensamentos se organizam em padrões. Possíveis carreiras: Investigador, teórico, filósofo.



Leve-o a ver o mundo

Os seus gostos desenvolvem-se segundo a profissão dos pais, aquilo que vêem na televisão ou o tipo de ambiente que os rodeia. O importante é não stressar e ir desenvolvendo os seus gostos, hobbies e vocações. Tente fugir dos seus próprios sonhos ou daquilo que deseja para eles.

Se a sua filha não tem jeito nem inclinação para a dança, por que é que vai gastar dinheiro no ballet? Não é melhor uma boa classe de judo ou mesmo futebol? Perceba ainda que eles vão passar por muitas experiências: se calhar, não faz assim tanto mal que hoje queiram andar no judo e amanhã já queiram passar para o basquete e depois achem que afinal nasceram para o hóquei. Só experimentando é que nos descobrimos a nós próprios. Uma ideia que pode resultar é perguntar se não há a possibilidade de experimentarem algumas aulas antes de os inscrever.

Nem tudo o que os outros fazem é necessariamente bom para todos. Se ele não tem assim muito jeito para o futebol, por que não experimentar o pingue-pongue, por exemplo? Se ela odeia piano, que tal os ferrinhos? Se ela odeia ballet, que tal o ioga? Às vezes, afastar-se das margens demasiado povoadas pode ser uma boa solução, menos stressante e mais compensadora, até em termos de futuro.

Além de escolher bem as actividades, leve-o a ver o mundo e a descobrir quais são os tipos de profissões que existem. Se o deixar em casa o dia todo a ver televisão, não se admire que ele pense que as únicas possibilidades de futuro são actor ou cantor…

Dos actores aos modelos

Querer ser actor é quase uma fase por que passam todos os adolescentes. O que é normal: é uma idade em que se quer atenção, e ser actor é uma profissão que vive precisamente do olhar dos outros. O que eles querem dizer quando dizem que querem ser actores é: olhem para mim. Idealmente, ser actor significa que são observados, reconhecidos, admirados e ouvidos. Funciona como uma bengala para as suas inseguranças. Portanto, quando ele lhe vier com esse sonho, não o leve logo a fazer testes para a próxima telenovela nem leve logo as mãos à cabeça a dizer que só por cima do seu cadáver e que ele vai é ser engenheiro hidráulico como o avô Carlos. Perceba o que ele está a tentar dizer-lhe e dê-lhe atenção em dose dupla, elogios quando se justificar, e o máximo de tempo que puder.

Quanto às ‘modelos’, explique que ela pode ao mesmo tempo ser bonita e ter outra profissão. Ajude-a a sentir-se bem com o seu próprio corpo e elogie os seus olhos e o seu cabelo, mas não dê demasiada importância ao lado físico. Ser modelo também corresponde, para elas, numa forma de gratificação imediata e sem muito esforço. Vá mostrando ao longo do tempo a alegria que dá fazer um trabalho bem feito, ou ver um esforço recompensado. Mostre como vale a pena esforçar-se para atingir aquilo que quer.









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