Andam mais devagar que uma tartaruga, um caracol ou uma preguiça, conforme o animal da sua preferência… Chama-se por eles de manhã, não mexem nem um cabelo. Consegue-se com uma retroescavadora arrancá-los da cama, mas demoram meia-hora a abrir os olhos. Quando se volta, dez minutos depois, estão pacatamente sentados no chão, a brincar com os carrinhos e escusado será dizer que ainda de pijama… ahhhhhh!
Claro que o dia é passado a apressá-los: Tiago já calçaste os sapatos? Já comeste o lanche? Sai do computador. Vai para o banho. Sai do banho. Fecha a torneira. Olha os trabalhos. E o bom do Tiago, nada…
O problema, geralmente, é nosso e não deles. Nós é que temos as mudanças aceleradas. Nós é que vivemos a cem à hora, eles é que estão certos. Mas isso não apaga as consequências: a vida está feita pelo nosso ritmo e eles têm de o seguir… Como tornar-lhes mais fácil adoptar uma velocidade que não é a deles?
Não ande atrás
"A frustração é a madrasta da invenção," lembra o site www.minti.com/parenting, um dos poucos a abordar esta questão. "Ou seja, temos de encontrar algumas tácticas imaginativas para acender a energia destas crianças."
Na maioria das vezes, não adianta andar a gritar: Ó Tiago sai da cama! Sai da mesa!
Ele não sai do banho? O site recomenda: explique o que é uma conta de água para pagar (pouco realista para quem tem sete anos, mas não custa tentar). Retire distracções como bonecos e frascos de gel engraçados. E o mais provável que tenha sucesso: ponha um relógio de cozinha daqueles que apitam e deixe-o regulá-lo. Incentive uma corrida literalmente contra-relógio para ver se consegue sair do banho antes do relógio apitar.
O alarme do relógio é uma ideia que se pode usar noutros ‘atrasos’. Mas há outras ideias que se pode tentar. Ele não sai da cama? Acorde-o com um quarto de hora de antecedência, ligue o rádio e deixe a luz acesa. Mas vá à raiz do problema: algumas crianças precisam de dormir mais. Se ele tem dificuldade em levantar-se, experimente pô-lo a dormir mais cedo. Ele não sai de casa? Avise com antecedência. Conte até 20. E não ande atrás dele a implorar: se não sai quando é preciso, há consequências.
Ele não faz os trabalhos? Se calhar, precisa de desanuviar primeiro a cabeça: deixe-o ler, ouvir música ou jogar computador durante meia hora. Façam uma batalha de almofadas para desanuviar. Dê-lhe um alguidar e deixe-o brincar com água (é terrivelmente anti-stresse). E acima de tudo, não stresse. Com calma, tudo se resolve.
Desactive o sistema
Alguns ‘atrasados’ usam a lentidão como uma forma de receber atenção dos pais. ‘Vou-me demorar para que fales comigo’. Por isso, desactive o sistema. Diga uma vez. À terceira, há consequências: não calça os sapatos vai descalço, por exemplo. Quando possível, deixe-o escolher a hora a que quer fazer os trabalhos ou tomar banho: se ele não cumprir o ‘seu’ horário? Decida com antecedência e informe-o das consequências.