Os cinco sentidos do feto

Paz, tranquilidade, silêncio. Acreditamos que, na barriga da mãe, o bebé é dono e senhor de um universo à parte, desconectado do mundo real, em que os estímulos exteriores lhe são distantes e inatingíveis.

A visão, o paladar, o olfacto, a audição e o tacto constituem os canais que poderiam realizar um intercâmbio entre os dois patamares, porém, durante décadas admitiu-se que os sentidos funcionavam de maneira condicionada no decorrer a fase de gestação, circunscritos pelos factores ambientais e biológicos – num meio ambiente líquido, escudado pela pele, útero e abdómen materno, o que seria capaz o bebé de aferir do mundo lá fora? Alguns sons de escassa nitidez e pouco mais.

Porém, as investigações efectuadas nesse âmbito indiciam que, pelo contrário, os cinco sentidos estão muito mais despertos do que pensamos. Tratam-se de dados recentes da ciência, que alteram toda a perspectiva da gravidez – se o feto consegue aperceber-se de estímulos positivos, também os negativos o afectam numa amplitude muito maior.

Os especialistas não têm dúvidas – os sentidos dos bebés funcionam quando ainda se encontram no interior da barriga da mãe e o processo da sua formação é muito mais precoce do que se acreditava há décadas atrás. O feto reconhece os cinco sentidos às vinte e quatro semanas, quatro deles de forma directa (a audição, visão, paladar e olfacto) e um de forma indirecta (o tacto) Mais um motivo para ter este aspecto em consideração no decorrer dos nove meses de gestação.

1.Visão


Aos 22 dias de gestação surgem dois pequenos sulcos, que darão lugar à estrutura ocular; à nona semana, formam-se as pálpebras, a íris e a retina. Os olhos abrem-se pela primeira vez ao sétimo mês e o bebé consegue distinguir entre o claro e o escuro. A reacção a estímulos como a luz obtém-se ao oitavo mês, dado que a claridade do sol pode atravessar o líquido amniótico, facto que é notado pelo feto – aspecto perceptível através da análise dos batimentos cardíacos, que se alteram com a exposição à luz, e pela observação de um ligeiro franzir dos olhos. Porém, a visão é o sentido menos desenvolvido na altura do nascimento, o que é compreensível – afinal, no interior do útero materno, o bebé não recebe muitos incentivos nesse sentido. Apercebendo-se das sombras e das luzes, será cá fora que o recém-nascido passa a discriminar as formas e as cores.

2.Tacto


Como o bebé gosta de sentir a mão da mãe a passear pela barriga em movimentos suaves! O tacto começa a formar-se à sétima semana de gestação, facto comprovado pelos movimentos do feto, e, inicialmente, a sensibilidade situa-se na região da boca. É desta maneira que se inaugura um processo crescente, em que este sentido, através do desenvolvimento das células da pele, se alarga ao resto do corpo O resultado é que, a partir do sétimo mês, é comum observarmos o feto a tocar o rosto com as mãos ou a levar o dedo à boca, bem como a brincar com o cordão umbilical e a bater com a mão nas paredes do útero.

Conselho: Massaje a barriga com suavidade desde os primeiros meses de gestação. O bebé é sensível a esse estímulo e à sensação de carinho e afecto que lhe transmite o movimento suave das mãos maternas.

3.Paladar


Alimentando-se à base de leite nos primeiros meses de vida, podíamos pensar que não existiriam muitos estímulos que conduzissem este sentido a atingir grande complexidade no decurso do período fetal. Nada de mais errado! As pupilas gustativas evoluem ao terceiro mês de gestação, sendo que se encontram praticadas aperfeiçoadas à décima quarta semana. Ao quarto mês alguns peritos defendem, tendo como base o movimento de engolir e de sucção, que o feto se encontra apto a distinguir os sabores presentes no líquido amniótico, sentindo agrado pelo doce e repulsa pelo amargo – que aumentam e decrescem, respectivamente, o ritmo deste tipo de movimentos. A dieta da mãe é, por isso, alvo de prazer ou desprazer para o feto.

Conselho: No terceiro trimestre da gravidez evite os pratos demasiado condimentados. Os sabores mais intensos – a alho, cebola ou caril – são perceptíveis e podem originar uma expressão facial semelhante a uma careta, caso não sejam do agrado do bebé.

4.Olfacto


"Cheira-me à minha mãe", poderia o bebé dizer logo na primeira semana de vida – se conseguisse falar, claro – visto que o odor materno é dos primeiros a colocarem em acção o sistema olfactivo. O nariz começa a desenvolver-se a partir da décima semana, contudo é necessário aguardar até ao sexto mês para que os órgãos olfactivos se encontrem plenamente formados. As regiões associadas a este sentido são as primeiras a desenvolver-se no cérebro. E se pensa que o olfacto só é colocado em acção a partir do nascimento, desengane-se. Investigações recentes nesta área indicam que a capacidade olfactiva não é exclusiva de um meio gasoso, mas também líquido, pelo que, mesmo mergulhado em líquido amniótico, o sistema nasal tem capacidade de aceder a diferentes cheiros, presentes na placenta e oriundos, por exemplo, da dieta da mãe.

5.Audição


Este é o mais desenvolvido e activo dos sentidos, sem lugar para dúvidas, durante a gestação – as vibrações exteriores (seja a voz da mãe ou sons mais agressivos do meio ambiente), bem como os ruídos do organismo materno, alcançam o feto através da pele, das membranas, do útero, do abdómen e do líquido amniótico a partir da décima sexta semana de gestação. Ao sexo mês, já distingue a voz da mãe de entre a panóplia de sons. Diversos estudos comprovam que um som, com a duração de cinco segundos e intensidade elevada, provoca mudanças drásticas no ritmo cardíaco do feto, bem como nos seus movimentos. Se é capaz de responder a estímulos auditivos a partir das dezasseis semanas, às vinte e quatro este sentido é o mais activo dos cinco. Imagine-se dentro de água – apercebe-se de como os sons lhe chegam ligeiramente distorcidos? É da mesma forma que o seu bebé escuta os ruídos do mundo exterior

Conselho: Fale com o seu filho de forma clara e perceptível e diga ao pai para fazer o mesmo. Um estudo desenvolvido pelo professor Moo-young, da Universidade de Sungkyunkwan, no Japão, provou que cerca de 90% do tecido nervosa do cérebro do bebé se desenvolve através da audição. Daí a importância dos estímulos auditivos fornecidos pelos pais durante a gravidez.


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