1 – Seja confiante. Não tenha medo de o contrariar, se houver razões para isso. E não é preciso entrar na guerra. Não é não, e pronto. Tenha orgulho no seu papel de mãe. Um ‘não’ justificado nunca traumatizou ninguém. E uma criança confiante nasce acima de tudo de pais confiantes.
2 – Não critique. Não porque ‘traumatize’ mas porque é absolutamente inútil. Vemos por nós próprios. Se alguém nos diz: “És mesmo idiota”, pensamos: “Ele tem razão, a partir de hoje vou tentar ser melhor pessoa?” Claro que não. Pensamos: “Idiota és tu, ó palhaço.” As crianças nem sequer têm essa defesa. Para elas, que viveram ainda tão pouco para aprenderem que as coisas mudam, o presente é eterno. Pensam: “É verdade, sou mesmo idiota, não vale a pena tentar ser de outra maneira.”
3 – Um elogio nunca estragou ninguém, pelo contrário, e ainda temos imensa dificuldade em elogiar as crianças, porque achamos que vão ficar mimadas. Não vão. Mas não elogie constantemente, automaticamente, só porque acha que deve. Elogie quando se justificar, e explique porquê. Diga exactamente do que é que gostou: “Gostei muito que tivesses ajudado o João a vestir o casaco.”
4 – Ensine-os a ver o lado bom das coisas. Não se pode ganhar sempre e ter tudo o que se quer mas as coisas nem sempre são tão más como parecem. Conte-lhes a história do tio Alberto que começou com 1 a matemática e acabou engenheiro de foguetões na Nasa. Ou “Pois, a equipa hoje até levou uma cabazada de 6-0. Mas jogámos bem e para a próxima vai correr melhor e agora o que interessa é que há mousse de chocolate para o lanche”. Ensine-os também a ver o lado bom deles próprios. Ria com eles e divirta-se.
5 – Diga-lhe que gosta dela. Sim, claro que gosta, mas eles precisam de ouvir, como os namorados. Não os deixe cair num ciclo vicioso grave que começa assim: se uma criança sente que não gostam dela, acha que não é digna de ser ‘gostada’ e portanto, qual é a razão para gostar de alguém? Tendemos a achar que as crianças sabem que gostamos delas, afinal somos pais delas, mas nem sempre isto é assim tão líquido. Mostre-lhe que gosta dela, e diga-lhe porquê. Treine-a a pensar que é digna de ser amada.
6 – Não tome boas notas como um sinal de que tudo vai bem: estamos rodeadas de executivos de sucesso com o quociente de inteligência emocional de uma ervilha. Eduque as emoções da sua criança. Isto não quer dizer suprimir o medo, a fúria e a raiva. Todas elas são emoções úteis: o medo protege-nos, a fúria limpa, a raiva liberta. Mas ensine-os a perceber as razões por que agem da maneira que agem e o que podem fazer para canalizarem as emoções de outra maneira que não seja bater na irmã. Explique-lhes que têm de tratar os outros como gostariam de ser tratados. Não valorize apenas as boas notas: valorize acima de tudo o bom coração. Aviso: isto não se consegue num dia.
7 – Não se iluda com crianças demasiado ‘sossegadinhas’: Às vezes, crianças demasiado cordatas podem apenas estar inseguras do seu amor e de si próprias. Estas crianças não precisam de menos mimo, mas de mais. Não precisam que lhes digam: “és tão totó!” Não precisam que as empurrem para o meio da arena. Precisam de treinar a confiança em si próprias percebendo que são capazes: de subir à árvore, de ler o livro, de fazer uma birra e continuarem a ser amadas.
8 – Ajude-as a lidar com quem lhe chama nomes ou as chateia. Explique-lhe que os ‘insultadores’ não o fazem por ser verdade, mas porque estão chateados. Há vários truques: ignorar, cantar por cima, concordar, ir-se embora.
9 – Ensine-as a lidar com o medo: lembre-lhes alturas da vida delas em que conseguiram fazer qualquer coisa muito difícil, e que medo é uma emoção natural, que toda a gente tem.
10 – Ajude-as a desenvolverem os seus verdadeiros dons. Se ele não tem nenhum ouvido para a música, não o empurre para ser cantor. Por que não atleta, biólogo ou cozinheiro? Ter a noção das próprias capacidades poupa muitas desilusões e desgostos.