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Leve-o a jantar e descubra a que categoria é que ele pertence. Podemos começar com:

– O dos bifes

A primeira coisa que instala em casa é um ‘barbecue’, e todas as sextas-feiras convida os amigos para um churrasco de costeletas e cerveja. Vive na nostalgia do tempo das cavernas em que macho que era macho arrastava mamutes à mão para dentro da fogueira. Só come peixe a partir dos 85 anos, e mesmo assim só se tiver um AVC, e mesmo assim só nos 5 dias depois do AVC. Acha que peixe é comida de gays, de meninas e de hospital. Não se deixe enganar: este é um apreciador de carne, mas não necessariamente dos seus prazeres, e ainda acha que preliminares só no futebol.

– O dos restaurantes

Adora comer, mas não sabe fazer nada na cozinha. É capaz de organizar excursões à Mealhada só para devorar leitão, e corre todos os festivais de gastronomia, expecialmente os que servem feijoada de borla e os que têm concursos de arroz doce, onde ele prova das 19 tacinhas e depois torna a provar, porque gosta de ser um juri consciencioso. É uma boa companhia, mas tende a preocupar-se demais com a comida em si do que com qualquer outra coisa.

– O do Iogurte

Geralmente, são os ‘metros’. Homem que é homem, diz a tradição, não depenica iogurte de morango magro com bifidus activo com uma colherzinha de plástico que lhe saiu na embalagem de cereais. Além de iogurte também come saladas. Pode dar muito jeito para se levar a qualquer sítio porque não passa o tempo a tentar deitar-nos no prato à sorrelfa mais uma colher de arroz de tomate nem a mandar piadolas do tipo: “vais mesmo comer isso todo que aí tens?”, mas também pode ser enervante porque de repente apetece comer uma fatia de bolo com chocolate e, com este, não dá… Problema: geralmente não lhe passa pela cabeça tentar nada mais romântico do que ir ao cinema…

– O dos Suplementos Desportivos

Começou a vida como o magricela de serviço no 8º ano, quando era mais baixo que todas as meninas da turma. Depois inscreveu-se num ginásio de bairro daqueles com máquinas do tempo em que o Shwarzenegger era bebé e o ginásio só servia para treinar lutadores de boxe. 10 anos depois, dá em Mr. Músculo, só veste t-shirts de manga cava e só come suplementos e gelatina. Vai estar sempre mais preocupado com o corpo dele do que com o seu, o que por um lado pode ser bom e por outro pode ser péssimo.

– O da lasagna com salame de chocolate

É a categoria onde se inserem para aí 80% dos machos portugueses: os que acham que podem comer tudo. Não acham nada de estranho comer um donut com um sumol ao pequeno-almoço, esparguete à bolonhesa mais mousse de chocolate ao almoço, e arroz de pato mais folhado de maçã com gelado ao jantar. Desprezam as mulheres que não os acompanham nestas andanças, passam o tempo a olhar para o nosso prato de frango com salada como se aquilo fosse um insulto pessoal, e a dizer “não aproveitas nada da vida” mas depois acham nojento que se seja gorda. O sonho deles é uma mulher ao mesmo tempo dada a emborcar quantidades pornográficas de bacalhau com natas como eles, e magra como a Calista Flockhart.

– O do hamburguer e da pizza

É a única coisa que come, hamburguer e pizza, pizza e hamburger, e tem sempre 15 anos: de corpo ou de cabeça. Em pequenino só comia carne assada com arroz, o hamburguer de agora já é um exótico exemplo de imaginação gastronómica. Que é precisamente o que ele não tem: imaginação. Quando tem de comer qualquer coisa que não os exemplos acima citados, cheira o prato primeiro como os cães, e se não reconhecer nada daquilo, põe de lado. Se tem nos braços um exemplar destes, não espere grandes voos de fantasia. Além disso, é um picuinhas que há-de estar preocupado com tudo: ou porque a comida está fria, ou porque está quente, ou porque há um cabelo na sopa, ou uma mosca no puré. É capaz de passar duas horas a catar todas as ervilhas do arroz que era suposto ser de ervilhas e que ele pediu porque não gostava nem de batatas a murro nem de sala russa nem de bróculos nem de esparguete. Olhe, vingue-se nas batatas fritas…

– O do peixe grelhado com bróculos

Parabéns: acaba de lhe cair um hipocondriaco no prato. Uma coisa é bacalhau com todos. Uma coisa são filetes de polvo no ‘Aleixo’. Uma coisa é um peixe grelhado fantástico numa esplanada à beira-mar tipo gourmet minimalista. Outra coisa muito diferente é peixe cozido com feijão verde, ou pior, com batatas, ou pior, com arroz. Não espere tornar-se na amante que ele nunca teve, porque ele não quer uma amante, quer uma mãe. Arrisca-se a ser enfermeira dele a vida toda, a ouvi-lo dizer, Olha lá, não achas que a minha testa está quente, não achas que esta borbulha tem mau aspecto, não achas que água com gás me vai dar azia, não achas que estou um bocado amarelo/verde/encarnado demais?

– O das cápsulas para emagrecer

Desengane-se: é gay. Se ele se dirige a uma prateleira de cápsulas que não são para as dores de cabeça nem para o reumático, é gay. As cápsulas coitadas não têm culpa, mas a verdade é essa. Caso esteja a fazer planos de constituir família, o melhor é virar-se para outro espécime.

– O do leite

Chega a casa, abre a porta do frigorífico e bebe leite sempre pela garrafa porque é o que aparece nos catálogos, com o cabelo loiro despenteado e em tronco nu para mostrar os abdominais que conseguiu no Campeonato de Surf de Ribeira d’Ilhas. A sua ideia de uma saída romântica é dar um saltinho ao Guincho com a prancha debaixo do braço, tipo ‘jovem vem saltar connosco’. É preciso pedalada para aguentar a onda.

– O dos petiscos

É o dos diminutivos: aqui come-se um bacalhauzinho espantoso, ali há um choquinhos com tinta de chorar, e uns pezinhos de coentrada. Come umas coisas um bocado estranhas, como cabeça de pescada, olho de peixe, túbaros de porco. Este é um homem que, geralmente, vale o tempo que se perde com ele a tentar aprender a gostar de túbaros: tem um apetite saudável mas não se encharaca de comida e bebida como se não comesse desde a Conquista de Lisboa aos mouros. Este sabe apreciar o sabor de um prato, sabe o tempo que as coisas demoram a fazer, sabe que um bom estufado tem de estar uma hora ao lume, que não se pode apressar um refogado, e a única desvantagem é quando teve uma mãezinha daquelas que passavam os dias na cozinha a fazer tarte de frutos silvestres e com quem eles passam a vida a comparar-nos. Mas enfim, com sorte, há-de ser um autodidacta. Orfão.

– O da carta de vinhos

Faz imensa vista, mas geralmente é só ‘show-off’. Faz muita gala em ler a carta de vinhos de cima a baixo, pergunta se não tem uma coisa qualquer com um nome esquisito tipo ‘reserva chateaux des arc-en-ciel de 1932’ que não há-de haver, pede outra coisa com um ar muito ofendido, pega na garrafa, cheira a rolha, roda o vinho, snifa, manda para trás, e acaba a beber sumo (light). Desengane-se: este promete mais do que cumpre.

– O do restaurante japonês

Adora mostrar que sabe manejar os pauzinhos com um ar blasé, beber saké como chá de camomila e pedir uma data de coisas com nomes esquisitos sem perguntar o que são. Tenha cuidado: é muito bom para desenvolver a nsosa cultura gastronómica, mas gosta de petiscos exóticos, e não se há-de contentar com a ementa do dia a dia, nem na comida nem nas mulheres…

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