13 gafes e tiradas infantis que a vão fazer sorrir
São uma forma imediata de nos pôr a rir: as ‘tiradas’ infantis podem ser engraçadas, sinceras ou cruéis (quase sempre sem intenção...). Escolhemos algumas que nos foram chegando à redação, contadas por mães, tias e pais dos autores das ‘gafes’.
*artigo publicado originalmente em junho de 2016
Toda a gente sabe: as tiradas das crianças – quando elas já são suficientemente crescidas para dizerem coisas com graça e suficientemente novas para não fazerem autocensura – fazem-nos rir, mas fazem também, muitas vezes, pensar sobre a vida. Exemplo é este diálogo entre a mãe, Maria João, e o filho Afonso, 10 anos: “Hoje posso beber um descafeinado?”, pede ele. “Podes, mas não ponhas muito açúçar.” “Humm. Acho que estou a sentir uma sensação de ser quase adulto.” “Ah é? Então e o que sentes?” “Que é um bocado amargo…” Mesmo que ser adulto não seja tão amargo quanto isso, a verdade é que eles nos fazem ver a vida de outra forma. Pormenor: não se ria. Se tem de ser, ria-se ‘para dentro’.
“A melhor tirada da minha filha Alice é-me dirigida. Um dia, do alto dos seus 5 anos, lançou-me um elogio, enquanto folheava um álbum de fotografias nossas: ‘Estás tão bonita!’ Para logo acrescentar, apontando para uma foto minha com o cabelo bem curto: ‘Quando eu era pequenina, eras tão feia!’ Escusado será dizer que nunca mais tive vontade de cortar o cabelo curto.” Ana Albergaria
“A Isabel tinha 6 anos. Um dia, desenhava afanosamente o retrato de um homem velho. Lá ia pintando as barbas e as rugas. Chega a minha mãe e pergunta-lhe, como qualquer adulto que se preze. ‘Quem é, Isabel?’ E ela: ‘É Deus.‘Bom – diz ainda a minha mãe – mas nunca ninguém viu a cara de Deus. Ninguém sabe como ele é.’ Então, ela pega no desenho e levanta-o à frente dos olhos da avó: ‘Agora já sabes’.” Rita Vieira
E tu, queres ser freira?
“A Matilde, 8 anos, andava sempre a dizer que quando fosse grande queria ser bailarina de dia e cabeleireira de noite. Um dia, o irmão, de 14 anos, volta-se para ela e diz: ‘Tu quando fores grande devias era ser freira’, ao que ela muito prontamente responde: ‘Freira?, Nem pensar!’ ‘Então porquê?, pergunta ele. ‘Porque elas usam vestidos muito compridos’.”
Carla Santos
Ainda sobre freiras… “A Constança, 12 anos, era tão religiosa que cheguei a sugerir que ela, em crescida, talvez gostasse de ser freira. Resposta imediata: ‘Nunca terei um emprego em que não possa chegar a presidente do conselho de administração’.”
Joana Almeida
Sirva-se à vontade
“Há dias, fui com os meus três filhos ao shopping. O Santiago (5 anos) quis sumo para o almoço e, como sempre depois das refeições, quis água. Disse-lhe que fosse ao café pedir um copo de água. Como o balcão era demasiado alto para ele, dirigiu-se à zona mais baixa, junto à caixa registadora, onde estavam garrafas de água para vender. Sem mais, passou à frente de todas as pessoas da fila, agarrou numa e veio-se embora. Quando chegou ao pé de mim, disse-lhe:
– Não pediste um copo de água?
– Ia pedir, mas havia lá garrafas…
– Mas quem é que pagou essa garrafa?
– É preciso pagar?
– Claro!
– E achas que alguém ia pedir dinheiro a uma criança como eu, pequenina e cheia de sede?”
Filipa Esteves
Do azeite às ameixas
“A nossa filha Beatriz, 3 anos, ao ver um anúncio do azeite galo na televisão, disse muito convicta: ‘Agora já entendi… o leite vem
da vaca e o azeite vem do galo, não é?’.” Maria Azenha
“A Vitória, a primeira vez que viu uma palmeira, gritou: ‘Mãe, olha um ananás gigante!’”
Patrícia Martins
“Um dia, vi a minha avó na casa de banho, a tirar a dentadura à noite para fazer a sua higiene. Às tantas, começo a puxar os dentes de cima como uma maluca. Frustradíssima, viro-me para ela e digo: ‘Ó vó, mas os meus não saem…’.” Cristina Pereira
“Uma vez, dei uma ameixa roxa à minha sobrinha de 2 anos. Ela dá uma dentada e atira, com um sorriso: ‘A minha ameixa é de morango!’” Catarina Antunes
As rainhas das ‘tiradas’
Há crianças que nunca dizem nada fora do normal, e há outras que fornecem gargalhadas diárias à família. É o caso da Margarida (4 anos), irmã do Martim (6). “Há pouco tempo, chegou da escola a dizer que naquele dia tinham estudado ‘o corpo do mano’”, ri a mãe, Catarina.
“E no Natal foi um tormento para a convencer de que as ambulâncias transportavam doentes… e não, não eram duendes.”
“De outra vez, fomos aos anos de um amiguinho dela. O rapaz tinha um meio-irmão, que vivia com ele, mas tinha um pai diferente. A Margarida ficou a pensar nisto, porque claramente nunca imaginou que pudesse haver irmãos com pais diferentes. Ao chegar a casa, de repente pergunta-me: ‘Olha lá: quem é o pai do Martim?’ O mais cómico é que ela não se pôs em causa, o irmão é que teria um pai desconhecido… (risos)”
Catarina Silva
Quando a biologia é complicada
“A Leonor anda no terceiro ano e no início do ano estava muito divertida com aquilo que andava a aprender na disciplina de Estudo do Meio, sobretudo com o aparelho reprodutor. Pénis e vaginas começaram a fazer parte do seu vocabulário. Um dia, sentou-se numa cadeira da cozinha e, enquanto eu fazia o jantar, ia enumerando os diferentes nomes dos vários órgãos, ‘vagina, útero, pénis, tentáculos’… Eu tento conter o riso e atiro: ‘Tentáculos? Como os do polvo?’ Ela relê com mais calma e emenda, ‘testículos!’.
Conceição Marques
Anota aí…
“Este ano, o Tiago saiu do ensino particular e ingressou no jardim de infância público. Isto para explicar que nunca tinha tido acesso
a uma caderneta do aluno. Nos primeiros dias de adaptação, recusou-se a almoçar, nem o aviãozinho ou outro tipo de estratégias resultou.
As auxiliares comunicaram o sucedido à educadora. Quando o Tiago regressou à sala, a professora teve uma conversa com ele e disse-lhe: ‘Tiago, vai buscar a tua caderneta. Hoje, vais levar um recado aos pais por causa da hora da refeição.’ Aí, o Tiago comentou: ‘Escreve, escreve, para eu não me esquecer’.” Vanda Pereira