Com base numa análise do Google Trens, psicólogos americanos descobriram que houve um aumento acentuado nas pesquisas por determinadas perturbações mentais, que podem estar a afetar milhões de pessoas.
O grupo de investigadores recorreu à plataforma para analisar uma lista extensa de termos relacionados com a saúde mental que os utilizadores pesquisaram antes e depois de a Organização Mundial da Saúde declarar uma pandemia de COVID-19, no passado mês de março. Os especialistas concluíram que as buscas por “ansiedade, ataques de pânico e tratamentos para ataques de pânico”, especialmente técnicas remotas de autocuidado, aumentaram nas semanas que se seguiram à declaração.
“Embora não sejam, de todo, uma ‘janela para a alma’, as pesquisas refletem desejos relativamente não censurados por informações e, portanto, não possuem muitos dos preconceitos das pesquisas de relato próprio tradicionais”, diz o estudo. “As análises da Google Trends já serviram para prever resultados sociais importantes, como a transmissão de doenças e o comportamento eleitoral, e também podem ser usadas para prever sintomas e necessidades de saúde mental da população“.
Os ataques de pânico são períodos de ansiedade extrema, com manifestação de sintomas a nível físico, incluindo palpitações, aumento da frequência cardíaca, transpiração excessiva, dificuldade em respirar, náuseas e tonturas, explica o site do Hospital da Luz.
Os cientistas não encontraram um aumento nas pesquisas por depressão, solidão, abuso e suicídio, o que não significa necessariamente que as pessoas não estejam a enfrentar tais problemas. Contudo, podem aponta para aquilo que Michael Hoerger, professor universitário de Psicologia e coautor do estudo, descreve como um “tsunami de saúde mental” .
“As nossas análises são a ponta do iceberg”, diz Hoerger. “Com o passar do tempo, é possível que assistamos a um maior declínio na saúde mental da sociedade. Isto, provavelmente, incluirá depressão, perturbação de stress pós-traumático, violência comunitária, suicídio e luto complexo”, acrescenta. “Por cada morto por COVID-19, existem aproximadamente nove parentes afetados, e as pessoas vão carregar esse luto durante muito tempo”.
Os cientistas afirmam ainda que a monitorização contínua da Google Trends pode revelar outros problemas de saúde mental a longo prazo e não detectados nesta análise. Informações essas que podem orientas as iniciativas, a vários níveis, para mitigar o custo psicológico da CVID-19.