A população feminina tem sido a que mais sofreu com o impacto nos rendimentos, na alimentação e no bem-estar emocional desde o início do isolamento social, por conta da pandemia de COVID-19.
Esta é uma das principais conclusões de um estudo da organização sem fins lucrativos CARE, que entrevistou mais de 10 mil pessoas de 38 países diferentes. Os resultados indicam que as mulheres têm três vezes mais probabilidade de terem a saúde mental impactada pela pandemia do que o sexo oposto. Na verdade, 27 por cento das inquiridas confessou ter tido mais problemas emocionais, comparativamente a 10 por cento dos homens.
Os investigadores também revelaram que as mulheres relataram ter dificuldades em dormir e com a manutenção dos rendimentos, preocupações com o trabalho e até mesmo perda de apetite; fatores que podem levar ao aumento da ansiedade, por exemplo.
“Esse resultado reforça a importância de entender o que as mulheres precisam e mostrar como a sua experiência difere da dos homens”, afirma Emily Janoch, diretora de gestão do conhecimento e aprendizagem da CARE, que liderou o estudo.
A disparidade resulta das desigualdades verificadas nos sistemas locais e globais, sendo que as mulheres estão sujeitas a situações que tendem a não afligir tanto os homens. Nos Estados Unidos, por exemplo, entre fevereiro e maio, 11.5 milhões de mulheres foram colocadas em layoff – os números relativos ao sexo masculino ficam-se pelos nove milhões – e essas perdas de empregos ocorreram num sistema em que as mulheres já representam 66,6% da força de trabalho nos 40 empregos mais mal pagos do país.
A divisão de tarefas em casa também é um fardo mais pesado para as mulheres. Ainda de acordo com o exemplo dos Estados Unidos, 55% das mulheres no mercado de trabalho cumprem tarefas domésticas em comparação com 18% dos homens.
As americanas também passam mais tempo com os filhos. Quando as escolas fecham e as crianças têm de depender do ensino à distância, a responsabilidade de mantê-las concentradas e de dar apoio recai desproporcionalmente sobre as mães. A realidade da amostra feminina usada para este estudo é ainda mais dura nos países em desenvolvimento.