Alguma vez ouviu falar em stalkerware? Trata-se de um software que permite espiar secretamente a vida privada de outra pessoa, através de dispositivos inteligentes, que é utilizado para fomentar a violência contra um parceiro.
O relatório “The State of Stalkerware 2020”, elaborado pela Kaspersky, indica que a utilização deste tipo de programas apresentou melhorias em 2020, com a diminuição de casos identificados a nível global, comparativamente ao ano anterior. Mas não de forma significativa. Olhando para os dados relativos ao nosso país, houve uma ligeira diminuição, com um registo de 127 utilizadores afetados em 2020, face aos 187 identificados no ano anterior. A pandemia é um dos fatores fundamentais para a compreensão destes números, pois a curva anual dos utilizadores afetados apresenta-se em declínio de março a junho de 2020, período que coincide com o início dos vários confinamentos.
O stalkerware a nível global
O stalkerware representa uma das formas de ciberviolência, sendo um fenómeno global que afeta países de todo o mundo, independentemente da sua dimensão, sociedade ou cultura: a Rússia, o Brasil, os Estados Unidos da América, a Índia e o México estão no topo da lista de países em que a Kaspersky identificou mais casos em 2020. Logo a seguir, encontramos a Alemanha a ocupar o sexto lugar no ranking mundial, mas que também ocupa o primeiro lugar a nível europeu. Irão, Itália, Reino Unido e, por último, Arábia Saudita completam o pódio das dez nações mais afetadas. Já Portugal encontra-se na 12ª posição a nível europeu e, a nível global, na 54ª, com 127 utilizadores afetados.
“O número de utilizadores vítimas de stalkerware tem permanecido elevado e, todos os dias, são detetados novos casos. É importante relembrar que, por trás destes números, estão histórias reais de pessoas que sofrem, na maioria das vezes em silêncio, e que precisam de ajuda. Por isso, no que toca a esta ameaça, continuamos a partilhar dados com a comunidade, que permitem compreender o panorama mundial, de forma a alcançarmos uma maior sensibilização para este problema. Temos o dever de partilhar as descobertas que fazemos diariamente, para que possamos melhorar ainda mais fatores como a deteção e a proteção, em benefício dos mais afetados pela ciberviolência”, comenta Victor Chebyshev, Investigador de Segurança da Kaspersky, num comunicado enviado às redações.
Para verificar se o seu dispositivo móvel tem stalkerware instalado, a Kaspersky recomenda:
- Verificar as permissões nas aplicações instaladas: as aplicações de stalkerware podem estar disfarçadas sob um nome falso, com acesso suspeito a mensagens, registos de chamadas, localização e outras atividades pessoais. Por exemplo, uma aplicação chamada “Wi-Fi” que tem acesso à sua localização geográfica é uma característica suspeita;
- Apagar as aplicações que já não estão a ser utilizadas: se a aplicação já não é aberta há um mês ou mais, é provavelmente seguro assumir que já não é necessária; e no futuro, pode sempre ser reinstalada;
- Verificar as definições de “fontes desconhecidas” nos dispositivos Android: se as “fontes desconhecidas” estiverem ativadas no seu dispositivo, poderá ser um sinal de que foi instalado software indesejado;
- Verificar o histórico do navegador: para descarregar stalkerware, o agressor terá de visitar algumas páginas web que a vítima desconhece. Contudo, poderá não haver qualquer histórico se o agressor o limpar;
- Usar uma ferramenta de proteção fidedigna: como é o caso da Kaspersky Internet Security para Android, que protege contra todo o tipo de ameaças móveis e executa verificações regulares no dispositivo
Antes de remover o stalkerware do dispositivo:
- Não se apresse a remover os itens alvos de perseguição, pois o agressor poderá reparar. É muito importante considerar que o agressor pode constituir um potencial risco de segurança. Em alguns casos, reagir pode agravar os comportamentos abusivos do agressor;
- Contacte as autoridades locais e organizações de serviços de apoio às vítimas de violência doméstica para assistência e planeamento de segurança. Poderá encontrar uma lista de organizações relevantes aqui;
- Considere se pretende preservar alguma prova do ato agressor antes da remoção;
- Confie no seu instinto e faça o que lhe parecer mais seguro.