Alguma vez se questionou sobre o que a atrai no seu parceiro(a)? Serão as semelhanças? Os gostos partilhados por música clássica e longos passeios na praia? Ora bem, a ciência diz-nos que a inspiração para os relacionamentos não é assim tão romântica.
O desejo que sentimos por alguém estará relacionado com um termo clínico pouco sexy: o antígeno leucocitário humano (HLA, na sigla inglesa). Quer isto dizer que a explicação para essa atração estará no nosso sistema imunológico. Sim, isso mesmo.
Um estudo publicado na revista científica Nature (2016) concluiu que procuramos parceiros que tenham um sistema HLA muito diferente do nosso. Também conhecido como complexo principal de histocompatibilidade, ele permite ao corpo identificar células perigosas, vírus e bactérias, e é a base sobre a qual o organismo humano desenvolve o seu sistema de defesa.
Uma questão de evolução
O HLA “está relacionado com a sexualidade e o desejo de procriar”, dizem os investigadores da Universidade de Dresden, na Alemanha, que analisaram o comportamento sexual de 254 casais e descobriram que quanto maior é a diferença entre os antígenos leucocitários de um par, maior é o desejo e a satisfação sexual. Isto estará relacionado com a sobrevivência da espécie humana, visto que os casais com HLA distintos “aumentam a possibilidade de os seus descendentes serem resistentes a um número maior de doenças”.
Embora a forma como o HLA define o cheiro do nosso corpo ainda não esteja decifrada, há provas de que certos componentes do odor podem ser encontrados em secreções como, por exemplo, o suor e a saliva. Para além disso, sabe-se que os neurónios olfativos identificam-no sem que tenhamos qualquer consciência disso.
O trabalho dos cientistas alemães não menospreza a capacidade humana de controlar o próprio instinto sexual, mas levanta o véu sobre a importância do sistema imunológico no nosso comportamento sexual. E traz uma explicação científica para reforçar a ideia popular ideia de que os opostos, de facto, atraem-se.