Por vezes, pode ser difícil definir os limites daquilo que é (ou não) saudável numa relação. Sem falar de casos extremos, como agressões físicas ou verbais, a verdade é que nada é perfeito e um relacionamento a dois envolve sempre altos e baixos.
Nesse sentido, numa entrevista para a Parents, o psicólogo Richard Weissbourd explicou vários pontos essenciais para definir uma relação saudável, em conversa com uma criança. E esta explicação simplificada não poderia ser mais útil – mesmo em idade adulta.
“Enquanto cultura, somos muito retrógrados em relação ao amor romântico e falhamos miseravelmente em preparar os mais jovens para ele. Preocupamo-nos muito pouco em como ajudar os mais jovens com o trabalho subtil, terno, corajoso e focado que é amar alguém“, afirma.
Em 2017, Weissbourd e um grupo de colegas fizeram um inquérito que envolveu 3 mil jovens e que veio a revelar que estes tinham dificuldades em desenvolver relações românticas e sentiam-se frustrados com o quão pouco os pais tinham falado com eles sobre relacionamentos saudáveis.
Aqui, podemos mesmo fazer a ponte à série “Bridgerton”, da Netflix, quando a protagonista fica irritada com o facto de a mãe não a ter preparado devidamente para o casamento – desde a intimidade, aos desafios emocionais. Afinal, nada disto deveria ser tabu. Pelo contrário!
O famoso “foca-te nos estudos, o amor vem depois” não poderia ser mais antiquado. Qualquer pai deve, na medida do possível, preparar os filhos para aquilo que é uma relação romântica. “Freud disse que as duas coisas mais importantes na vida são o trabalho e o amor. Temos grandes indústrias a preparar os mais novos para o trabalho, mas fazermos quase nada para os preparar para o amor“, nota o especialista.
E se pensa que esta deve ser só uma conversa para “crescidos”, desengane-se. As sementes devem ser plantadas desde cedo, para que, mais tarde, possam dar frutos. Deve, sempre que possível, conversar com os seus filhos sobre o amor saudável e quais as bases em que este assenta, adaptando o discurso às diferentes idades.
No fundo, há que deixar claro:
- Uma relação vai muito além de algo físico;
- Amor significa respeito, consentimento e limites (nos mais pequenos, estes conceitos podem ser ensinados através do uso dos respetivos brinquedos, por exemplo);
- Aquilo que os media nos transmitem não é (na maioria das vezes) uma caracterização real do amor.