Nos dias que correm, as conversas sobre sexo são mais abertas e relevantes do que nunca. Contudo, não podemos ignorar que ainda existe muita desinformação sobre o tema, quer esteja enraizada nas mensagens transmitidas pelos meios de comunicação, na sociedade ou naquilo que aprendemos na infância.
Jennifer Gunsaullus, socióloga e coach de intimidade, e Valeria Chuba, sexóloga, partilharam aquelas que consideram ser as 10 ideias erradas mais comuns que as mulheres têm sobre sexo com o site The Zoe Report. Conheça-as:
O prazer da outra pessoa é mais importante do que o nosso
“Ao crescer, muitas mulheres aprendem que devem pôr as necessidades dos outros primeiro, e isso inclui as sexuais. E como aprender sobre o prazer feminino pode demorar mais tempo do que aprender sobre o prazer masculino (e existem muitas ideias erradas sobre o corpo e o prazer feminino), pode ser comum para um casal numa relação heterossexual haver mais preocupação com o prazer dele do que com o dela”, diz Gunsaullus.
O parceiro deve saber automaticamente como nos agradar
“O bom sexo é uma habilidade e a maioria de nós, independentemente do género, não recebe educação sexual adequada e apoio em relação a sexo, prazer e intimidade. A melhor forma de ter a experiência sexual que quer verdadeiramente é comunicar as suas necessidades e desejos ao parceiro, em vez de esperar que ele leia a sua mente”, explica Chuba.
Precisamos de ter um corpo perfeito para merecermos sexo
“O aspeto do seu corpo não tem nada a ver com quão sexual se sente, ou com o prazer que pode ter durante o sexo. Na nossa sociedade, parece que associamos o quão sensual uma mulher é aos olhos dos outros ao quão sexual ela é; mas uma coisa não está relacionada com a outra! Todos somos merecedores de excitação erótica e de experiências íntimas com outras pessoas, independentemente do conceito ‘mainstream’ de sensualidade”, afirma Gunsaullus.
Ter dores durante o coito é normal
“As dores durante o coito são uma epidemia silenciosa entre as mulheres, da qual começamos a falar mais abertamente. As causas de dores durante o sexo vaginal variam, desde a pouca excitação e lubrificação, passando pelo trauma e infeção na pélvis, a (muitas vezes) motivos psicológicos, portanto é sempre importante marcar uma consulta com um especialista. Resumindo, a penetração não deve ser dolorosa e, definitivamente, não deve ser um sofrimento que a mulher tem de aguentar até ao fim”, sublinha Chuba.
É inapropriado pedirmos aquilo que queremos na cama
“Podemos carregar muita vergonha por sermos seres sexuais nos nossos próprios termos; isto inclui saber e pedir aquilo de que gostamos sexualmente. Podemos ter aprendido esta autocrítica através do silêncio nas nossas casas sobre sexo, enquanto crescíamos, de mensagens e imagens nos meios de comunicação, de experiências sexuais não consensuais ou apenas de conversas do dia-a-dia com amigos e colegas. Cultivar ferramentas de consciencialização para ter a capacidade de reparar no desconforto dessas mensagens enraizadas e caminhar na direção desse desconforto é assustador, mas muito gratificante quando se ultrapassa a vergonha”, revela Gunsaullus.
O consentimento está aberto a diferentes interpretações
“Ninguém deve sexo a ninguém, e dizer ‘sim’ a algo não significa que não pode mudar de ideias. Não se contente com parceiros sexuais que vão violar esses limites e ignorar os seus desejos”, alerta Chuba.
Há uma ‘forma certa’ de se fazer sexo
“Pensar fora da caixa não é estranho — é divertido, criativo, cria laços e é necessário para manter uma vida sexual ativa e interessante”, salienta Gunsaullus.
Não há um ‘normal’ para o desejo sexual
“A falta de desejo sexual, ou diferentes níveis de desejo sexual, são muito comuns entre casais, portanto, se esse for um problema na sua relação, é uma boa ideia consultar um terapeuta sexual”, recomenda Chuba.
A nossa excitação depende apenas do parceiro
“Este é um assunto com o qual me deparo muito com as minhas pacientes em relações longas e que já não se sentem interessadas pelo parceiro, apesar de serem felizes no relacionamento. Primeiro, é preciso perceber que podemos aceitar a responsabilidade pelo nosso próprio desejo sexual e depois aprender o que acende a ‘luz verde ou vermelha’ em termos de sentir desejo e uma ligação íntima”, esclarece Gunsaullus.
Devíamos ser capazes de ter orgasmos apenas com penetração vaginal
“Esta ideia errada é exacerbada por representações pouco realistas do sexo nos filmes e meios de comunicação, bem como na pornografia. De acordo com estudos, apenas 20% das mulheres conseguem ter um orgasmo apenas através da penetração. A maioria das mulheres precisa de estimulação direta ou indireta do clitóris para chegar ao orgasmo. O clitóris feminino é o homólogo (no sentido de ser o equivalente, a nível biológico) do pénis masculino e, tal como o pénis, que é a primeira fonte de orgasmos para o homem, também o é para as mulheres”, clarifica Chuba.