O psicólogo clínico J. Scott Fraser reuniu algumas das características comuns a quase todos os casais problemáticos, baseando-se em vários estudos e pesquisas sobre a matéria. O resultado foi uma lista interessante e detalhada acerca de tudo aquilo que pode correr mal na relação, bem como a probabilidade de tais obstáculos serem de fácil superação ou não.
- Todos os problemas são ciclos viciosos.
Vários casais enfrentam grandes dificuldades em ultrapassar certos problemas ou mesmo diferenças entre si e estes tornam-se ciclos viciosos. Por exemplo, um parceiro procura algum tipo de conexão, através de conversas, sexo, programas a dois, entre outros, e o outro prefere ter uma maior independência e tempo sozinho. Isto leva ao tal ciclo que, gradualmente, deixa uma das partes a sentir-se abandonada e a outra invalidada, exacerbando as tais diferentes necessidades. - “Conta bancária emocional” negativa.
O que várias pesquisas demonstram, como seria de esperar, uma relação feliz e duradoura é marcada por um maior número de interações positivas, em comparação com as negativas. E vice-versa: casais problemáticos têm, por norma, esta “conta bancária emocional” com um saldo bastante negativo, marcado por um número de interações positivas pouco significativo. - Inícios de interação negativos.
Ora, quando há algum tipo de desentendimento no casal, a forma como o tópico é abordado é de máxima importância. Se o assunto escala rapidamente, desde algo neutro para algo extremamente negativo, de tom eventualmente agressivo, é mau sinal. É comum que inícios difícies sejam indicadores de finais difíceis. - Os quatro cavaleiros.
Eis as características mais corrosivas: criticismo, postura defensiva, desprezo e criação de barreiras. A primeira pode vir de mãos dadas com o sarcasmo e, normalmente, envolve expressões como ‘tu nunca’, ‘tu fazes/ és sempre‘…A segunda surge como resposta à primeira, caracterizando-se pela incapacidade de responsabilização e consequente culpa do outro. A terceira é, por norma, a mais indicativa de divórcio: envolve qualquer forma de superioridade por parte de um parceiro, quer seja a gozar com o outro em público, a corrigi-lo durante uma discussão, a revirar os olhos. A quarta implica o afastamento de uma das partes de qualquer tipo de interação com o outro. - Tentativas de “reparação”falhadas.
Um grande sinal de que algo não está bem é quando o casal não consegue emendar determinado problema durante ou depois da discussão. Ou seja, quando discutem, se uma das partes tenta chamar a outra a atenção para algo que está a fazer, de modo a evitar que o conflito escale para algo mais negativo, e tal “reparo” não é bem aceite, pode indicar graves problemas a longo prazo. - Problemas perpétuos.
A capacidade de o casal distinguir um problema com solução e um que não a tenha pode determinar o sucesso da relação. O autor cita um estudo de do especialista clínico em relações John Gottman, que revelou que 69% das discussões dos casais eram sobre diferenças sem solução e que duravam há anos. Estas, normalmente, baseiam-se em vulnerabilidades, incompatibilidades entre ambos e acaba por causar dor e falta de confiança. evidenciando as características mais negativas da união.