Pexels/ Mikail Nilov

Não respondem quando os chamam? Passam horas no telemóvel? Numa pequena sondagem junto de mães com filhos entre os 4 e os 12 anos, identificámos o top 7 das manias infantis. Não matam, mas moem!

1. Obrigam-nos a repetir a mesma coisa dez vezes

Foi o Hábito Irritante mais votado, o que prova que as mães sofrem mesmo com isto. E não é para menos. “Ó Pedro, apanha o teu casaco do chão! Pedro, apanha o teu casaco do chão!! Pedro, já te disse dez vezes que apanhasses o casaco do chão!!!” “Parece que a sua criança desenvolveu um caso de surdez seletiva”, comenta Elizabeth Bangley (‘treinadora de pais’ e autora de 8 livros sobre educação infantil), no livro ‘The Dictionary of 1000 Parenting Tips’ (Dicionário das 1000 ideias sobre educação’). “Parece que tem algodão nos ouvidos, mas se lhe sussurrar ‘vamos comer um gelado’, é espantoso como fica logo curado!’

COMO RESOLVER: Em primeiro lugar, prevenção: toque-lhe no braço, olhe-o nos olhos e diga ‘quando chamo, quero que venhas’, sugere Elizabeth. “Não lhe grite à distância de três salas ‘vamos lá embora!'” Faça um pedido curto, imperativo: à hora de deitar, se fizer um discurso de dez minutos sobre a importância do sono, não espere que ele fique tão sensibilizado que se deita imediatamente. “Pedro, cama”, é quanto basta. E, acima de tudo, se não quer repetir a mesma coisa dez vezes, não a diga dez vezes. Se ele souber que lhe vai pedir a mesma coisa várias vezes e o pior que lhe vai acontecer é ouvir a sua voz, não se admire que o ar de aluado continue. Habitue-o a ouvir à primeira, fazendo saber que há consequências. Ele não ouve à segunda? Aplique-as imediatamente. Pode dar trabalho à primeira vez, mas à segunda pode crer que o milagre para a cura da surdez surte efeito.


2. Atiram-se para o chão no hipermercado
Quem pensa que a birra típica estava fora de moda, enganou-se: voltou em força, tal como os anos 80, e alcançou logo o n.º 2 da tabela. Aqui, todos os pediatras e psicólogos são unânimes: não, não dê o que ele quer. Claro que a teoria também a sabemos, mas aqueles uivos são o resultado de milhares de anos de evolução especialmente pensada para fazer em marmelada o coração de qualquer pai ou mãe, e é muito difícil não ser atingido pelos estilhaços da ‘bomba’.
COMO RESOLVER: Em primeiro lugar, o que não fazer: não encetar conversações com o Inimigo, porque, como qualquer general lhe dirá, nenhum Inimigo a meio da guerra está em estado de dialogar. Não dar bofetada nem dizer “vês os outros meninos a chorar?”, pois só fará o Inimigo chorar mais alto. Se puder, mude de cenário: leve-o (com calma) para um canto com menos gente (o dos artigos para animais costuma fazer sucesso, é sossegado e tem coisas com guizos). Se não puder, tente distraí-lo: se a guerra não for de mísseis, qualquer coisa funciona, até as chaves. Se as tiver à mão, ofereça uma bolacha ou água ao Inimigo.
Muito importante: tire o casaco a Inimigo (muitas birras são só calor) ou pegue-lhe ao colo. Se ele já não estiver em estado de ser distraído, alimentado, despido ou consolado, deixe-o espernear até se cansar. Não se envergonhe: já toda a gente viu ou fez uma birra, os outros pais vão estar solidários (e se não estão, deviam). Claro que deve impedir Inimigo de agredir outros clientes. Enquanto espera, pode rever a lista de compras. Ligar à sua melhor amiga. Contemplar foto do Inimigo em estado normal para se lembrar como era. Quando o Inimigo acalmar, faça como se nada se tivesse passado. Não ralhe, não pregue sermões, não explique, e ande para a frente. Se for caso disso, arrume o corredor e pague os estragos.

3. Não gostam… e ainda não provaram
A medalha de bronze vai para outro clássico: mal olharam para as ervilhas e já estão a torcer-se, como se tivessem o Alien na barriga. Um famoso psicanalista inglês, Donald Winiccott, fez um dia esta experiência: colocou à frente de um bebé um objeto brilhante e chamativo. O bebé fez o que todos os bebés fazem: observou aquilo durante algum tempo, e depois meteu-o na boca. Em seguida, Winiccott pediu à mãe do bebé que lhe pusesse o objeto na boca sem o deixar observar primeiro: o bebé recusou-o imediatamente. Conclusão: as crianças têm de desejar primeiro.
COMO RESOLVER: Nem fale nisso. Se disser “tens de comer cenouras porque fazem muito bem aos olhos”, só vai causar mais stresse. Vá apresentando alimentos novos sem comentários, de preferência na refeição em que ele tem mais fome. Não stresse se ele não comer os brócolos à primeira, não obrigue a comer e não faça comentários sobre o nariz torcido: continue a pô-los na mesa e no prato. “Muitas vezes, são fases passageiras em que as crianças nos estão a desafiar, e ganham normalmente pois vamos dando outras coisas que elas querem”, nota o pediatra Luís Pinheiro. O ideal é manter a calma. Não o encha de bolachas e leite e não lhe passe o Ipad para a mão: “Termine a refeição não dando mais nada e volte a tentar a mesma comida nas refeições seguintes.” Claro que se disser ‘ai que bem que os espinafres fazem aos ossos…’ mas depois a família inteira se atirar à piza, ele vai concluir que aquelas palavras não se adequam à realidade. Daqui a 20 anos pode ter um filósofo na família, mas será um filósofo muito pouco dado aos vegetais.

4. Estão sempre agarrados ao telemóvel
A verdade é para ser dita: isto a nós não nos chateia nada, ficamos é cheias de complexos de culpa porque achamos que estamos a falhar como mães e que em vez de lhes atirarmos o telecoiso para as mãos deviamos era estar a ler-lhes a Condessa de Segur ou a fazer jogos educativos. Problema: tê-los quietinhos e em sítio conhecido é o sonho de qualquer pai ou mãe desde a pré-história. Depois queixamo-nos que eles são uns cromos da playstation.

COMO RESOLVER: Estabelecer um tempo de antena que podem passar no telemóvel. Pois, é mais fácil de dizer que de fazer… Mas nunca ninguém disse que ser mãe ou pai era fácil. Claro que se começar logo desde pequenino a limitar o tempo internético (não mais que uma hora), depois será mais fácil. E ainda mais fácil se houver qualquer coisa divertida para fazer longe do computador.


5. Querem vestir roupa inadequada
Estava mesmo à espera desta, não era? Claro que na palavra inadequada cabe um mundo de originalidades, mais ou menos, enfim, originais: desde quererem ir de manga curta e minissaia em pleno fevereiro até fazerem finca-pé porque o seu sonho é aparecerem na escola vestidas de bailarinas ou dinossauros ou futebolistas dos pés à cabeça, até à maquilhagem que transforma uma rapariga absolutamente normal na Mortícia Addams ou à t-shirt que já passou 15 dias no mesmo corpo, cabe tudo.
COMO RESOLVER: Segundo o pediatra francês Aldo Naouri, esta é uma guerra que não vale a pena travar: na roupa das crianças mandam os pais, na roupa dos adolescentes mandam os adolescentes.
Pronto. É a vida. Enfim, o facto de os adolescentes mandarem na roupa deles não quer dizer que os pais não tenham o direito de dar a sua opinião, porque afinal estamos num país livre. Mas habitue-se a que tenham cada vez mais controlo sobre a vida deles.

6. Imitam as nossas falhas
Ver uma cópia de nós com menos sete palmos, de dedo espetado e sobrolho franzido, a ralhar num tom exatamente igual ao nosso: “Já-te-disse!” ou “Ai ai ai, não há pachorra para te aturar!” provoca-nos um misto de vontade de rir e vergonha.
Ainda por cima porque sabemos que não há espelho mais fiel. Nós somos assim, afinal? Nós, que nos orgulhávamos de ser uma mãe perfeita, um exemplo de pedagogia? Nós, aquele dedo espetado, aquele tonzinho irritante? E assim, de repente, ela lembra-nos mais alguém. Ahhhhhh! A nossa mãe!

COMO RESOLVER: Heeee. Pois, aqui tem de resolver a coisa consigo própria.

7. Amuam a toda a hora
Perderam no futebol? Afinal não podem ir ao parque, como lhes prometeram? Queriam bolachas de chocolate ao lanche mas já não há? Cruzam os braços e pimba: amuo. Velho como as birras, com a vantagem de ter muito menos efeitos de luz e som.
COMO RESOLVER: Pense que podia ser pior: podia ser Clássico n.º 2, birra de hipermercado. Dê graças aos deuses, que não é Clássico n.º 2. Um amuo só é utilizado pelo Amuante quando funciona: por isso, não deixe que funcione. Aqui, não há nada mais fácil: não lhe ligue, não faça ondas, deixe que passe. Não se deixe enredar na chantagenzinha emocional. Deixe a coisa acalmar e depois chame-o como se nada se tivesse passado: “Quem quer ver desenhos animados?”

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