O tema da maternidade é algo muito pessoal. Ainda assim, está sempre envolto em muitas questões exteriores apontadas estrategicamente para as mulheres. E foi precisamente esse o ponto de partida do desabafo de Ana Bravo sobre ainda não ter filhos. No seu Instagram, a nutricionista explicou a mudança de consciência que tem vindo a fazer em relação a este tema:
“Muitas pessoas me questionam como é possível estar quase nos 42 anos e não ser, ainda, mãe. Acerca de ainda não ter dado à luz – acho que é essa a questão.
Talvez já me tenham ouvido contar histórias da minha infância, entre elas que juntei as moedas que os meus pais me iam dando, religiosamente. Na altura as minhas amigas e vizinhas compravam blocos de folhinhas com cheirinho e desenhos diferentes – são do tempo em que, em vez de cromos, as meninas trocavam folhinhas? – e eu amealhava. Quando atingi a quantia certa – uma pipa de massa para mim! – lá fui à mercearia e comprei fraldas para recém-nascidos. Dava papa aos meus nenucos, dava-lhes banho e trocava-lhes a fralda. De vez em quando apanhava a minha mãe distraída e cortava as minhas camisas de dormir, que eram de um tecido meio elástico, desenhava uma camisola, uns calções, depois cortava dois de cada, cosia e fazia os seus pijamas.
Sempre fui mãe, sempre tive essa energia maternal. Nunca me meti na educação dos meus sobrinhos, sei o meu lugar e gosto dele. Não “deseduco”, mas não estabeleço regras, ao meu lado são livres com consciência.
O principal motivo tem a ver com o facto de que, durante tempo a mais, cultivei a energia masculina mais do que a feminina. O trabalho, os projetos, o mundo cão da competição a esse nível assim o exigiam. E eu ia no embalo, sem questionar.
Sempre que havia catástrofes familiares vestia novamente a capa de super-herói e lá ia eu, de mangas arregaçadas, agarrar o “touro pelos cornos”. Só há poucos anos percebi que sou feminina por fora, mas que aprendi a ser menos do que faz parte da minha essência, por dentro. Desde então, a cada dia, vou recuperando essa energia feminina, esse cuidar de mim e o mais desafiante: permitir que cuidem de mim também. Estou no caminho certo e aceito tudo o que vier – sei que será sempre o melhor”.