“Melhores amigas para sempre”, esta pode ter sido uma promessa que muitas de nós fizemos em criança, na fé de que aquela menina a quem nos dirigíamos iria estar presente em todos os momentos da nossa vida. Mas o tempo passa, a nossa vida muda, as ligações que estabelecemos com as pessoas são diferentes e depressa podemos aperceber que aquelas amizades que tínhamos como certas acabaram por perder o seu peso.
Jennifer Gerlach, psicóloga norte-americana, afirma que “ao contrário do ideal de amizade duradoura, as amizades parecem cada vez mais limitadas no tempo”. A especialista culpa um afastamento progressivo provocado provocado pela diminuição de espaços de convívio nas comunidades e pela crescente tendência do trabalho remoto. Contudo, o principal motivo para a quebra destas ligações pode ser a existência de “uma menor tolerância ao conflito”.
“Hoje somos mais rápidos em bloquear pessoas ou a rotulá-las de “tóxicas”, mesmo quando a amizade pode ser valiosa para nós. Os meios de comunicação também estão a enviar uma mensagem de que devemos interromper alguém quando essa pessoa não está não nos está a fazer bem. No entanto, será que isso é mesmo positivo?”, interroga Gerlach.
O fim de uma amizade pode ser benéfico quando a outra pessoa incentiva a comportamentos abusivos ou perigosos. Mas um simples conflito não deveria ditar uma ruptura, uma vez que o ciclo natural dos relacionamentos também envolvem momentos menos bons.
“Nas amizades, criamos conexão, passamos por momentos de conflito e depois superamos os problemas. Ou então a amizade termina. Cada vez há mais amizades a terminar sem que lhes seja dada qualquer hipótese de reconciliação”, continua a especialista, que destaca três etapas que permitem a recuperação de uma amizade após um conflito:
- Alerta – “Às vezes, os conflitos existem sem que uma das partes se aperceba de imediato. Discutir os conflitos desde o início é fundamental para manter a amizade”.
- Apelo à mudança – “Fale do que incomoda. Diga o que gostava que fosse alterado”.
- Seja gentil – “Eventualmente os nossos amigos podem ter atitudes que nos desagradam. Da mesma forma, às vezes somos nós a agir incorretamente”.