Nas imediações da sua residência, no bairro de San Telmo, Sílvia tem uma loja de moda chamada “Um lugar no mundo”, onde comercializa peças de estilo vintage, e outras, mais contemporâneas, de designers independentes. Uma mistura que Sílvia adotou como própria e que também está refletida no seu outro “lugar no mundo”, a sua casa.
Esta sua casa tem cerca de 120m² que incluem hall, zona de estar e de jantar, quarto principal, quarto de hóspedes, duas casas de banho e cozinha com zona de refeição. “Certas coisas, sobretudo as antigas, não devem ser sujeitas a alterações. E o melhor exemplo é esta casa. Como estava em perfeitas condições, fiz questão de conservar tudo, alterei o mínimo”, diz Sílvia, defensora da manutenção da arquitetura original.
Os pavimentos são de época, à exceção dos da cozinha e das casas de banho, que devido à degradação foram refeitos. “As paredes, na sua maioria em tons de branco, captam a luminosidade. Mas no hall apostei num revestimento em ‘papel inglês’, com um padrão ousado, que cobre até mesmo o teto, enquanto nos quartos optei por um toque em tons de azul-celeste e rosa. As madeiras são de época, assim como as molduras, formando um conjunto arquitetónico único, reflexo de um período de absoluto esplendor.”
Amante da decoração, Sílvia pensou em cada recanto com especial cuidado: “Fiz tudo sozinha, fascina-me este trabalho porque adoro a decoração e a renovação constante.” E com toda a sua intuição, muito feminina, criou espaços ecléticos, onde se destacam móveis de época combinados com outros, de designers modernos. Uma fusão que expõe a sua personalidade e os seus gostos pessoais. “Adoro fazer misturas, tanto aprecio peças de estilo antigo, como as atuais. Para mim, a fusão dos elementos é o mais interessante”. Porque todas as épocas têm o seu encanto e cada estilo expressa a sua mensagem, Sílvia soube combiná-los no refúgio que escolheu para viver. Os seus espaços são quase como uma viagem pelo tempo. Desde o século XVIII até aos designers contemporâneos, ela soube encontrar o que havia de mais especial num móvel ou objeto e uni-los sabiamente, o que resultou numa perfeita harmonia.
No living, um canapé do século XVII rivaliza com outros dois de Jacobsen e com três mesas de centro, de forma arredondada, de design italiano. Na sala de jantar optou por uma mesa de madeira com pé central, também redonda, rodeada por cadeiras negras anos 70 e, na parede lateral, uma mesa da Kartell. Uma prova em como as diferentes épocas, por mais que o tempo as separe, pode criar um todo harmonioso, único. Um dado curioso quando se observa as paredes é a forte presença de fotografias de personagens do meio artístico… Desde Marilyn Monroe, passando por Sofia Loren até Charles Chaplin… “Não percebo de pintura, não sou consumidora de arte plástica e o que gosto não está ao meu alcance… Adoro fotografias a preto e branco, sou fanática, levei anos a fazer a minha coleção”, salienta.
Cortinados translúcidos permitem a entrada de luz, deixando antever a beleza da arquitetura e do conjunto em geral. A iluminação varia consoante o ambiente, das clássicas ‘aranhas’ de cristal antigo, adquiridas numa feira de velharias, a um candeeiro com abajur de flores, feito pela filha, e até por alguns de design arrojado com extremidades em aço. Para Sílvia, a sua casa é especial, é o reflexo dos seus gostos, o resultado da sua intuição. Sem dúvida o seu “lugar no mundo”.