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Maria Antónia Machado (voluntária cuidados paliativos do IPO Porto)
Aos 72 anos, Maria Antónia Machado é uma mulher de fé. Educada numa família tradicional, aprendeu cedo que o sofrimento dos outros não nos deve passar ao lado e assim que criou os quatro filhos prontificou-se a dedicar o seu tempo aos mais carenciados.
“Saber que ajudo as pessoas só por estar ao lado delas, a dar-lhes a mão, é muito gratificante. Muitas vezes as pessoas querem pouco, querem apenas companhia. É verdade que lidamos com situações difíceis, mas a compensação pelo que fazemos é muito grande”, diz, sempre com um sorriso nos lábios.
Depois de 25 anos a dar resposta aos vários serviços e necessidades no IPO, Maria Antónia Machado pediu transferência para a unidade de cuidados paliativos. As filhas, uma médica outra enfermeira, opuseram-se à escolha da mãe, mas a certeza de que era ali que tinha de estar falou mais alto. “Elas alertaram-me que o ambiente era muito pesado e tentaram demover-me da ideia. Quando comecei nos cuidados paliativos, percebi que precisava de mais preparação. Fiz alguns cursos, que me ajudaram a saber o que fazer e dizer nas diferentes situações”, explica.
“Distribuir a comunhão no final das visitas é um dos momentos altos da minha vida, porque a partilha com os doentes é muito grande”, afirma a voluntária, que entra todos os dias no IPO depois do almoço e não tem hora para sair.
Além de voluntária, é também angariadora de fundos. Considera-se “um elo de ligação entre o que faz falta e as pessoas que conheço. Ninguém faz nada sozinho e eu tenho a sorte de ter belíssimos amigos”. Ajudas cruciais para colmatar necessidades básicas dos doentes e seus familiares, porque “neste serviço o que é hoje pode já não ser amanhã”, e para as quais o IPO não tem orçamento.
Humana, generosa, persistente, competente, foram algumas das qualidades enumeradas pelo professor Daniel Serrão quando a nomeou para o Prémio Mulher Activa. A ‘Tona Machado’, como é carinhosamente tratada, acumula há 18 anos a vice-presidência da Associação Portuguesa de Osteoporose. E ainda tem tempo para a sua numerosa família: “O tempo chega para muita coisa, mas há que saber geri-lo. O mais importante é estabelecer prioridades, depois tudo se consegue”, conclui.