126967678.jpg

“Trabalhar com outras pessoas não é fácil, implica passar muitas horas a conviver com colegas com quem não se tem forçosamente afinidade ou até de quem não se gosta.” Teresa Rosa é Psicóloga Clínica na área laboral há vários anos e garante que este é um problema central em todas as organizações. “Grupos coesos, em que as pessoas estão satisfeitas, produzem mais. A agressividade, visível ou latente, tem custos, não só laborais como pessoais, pois as pessoas ‘descarregam’ também em casa, no marido e nos filhos e, no limite, acabam com problemas familiares, que se vão repercutir também na empresa”.


Dos insultos ao isolamento..

Já passou por isto?

Nem sempre é fácil definir a agressividade no local de trabalho. Há comportamentos óbvios, como a violência física e verbal (materializada em ofensas como ‘parva’, ‘burra’ e outros do género), mas também formas mais sub-reptícias de hostilidade . É oc aso de comportamentos sistematicamente ofensivos, humilhantes ou cruéis , feitos numa tentativa de sabotar o seu trabalho (por exemplo, um colega esquecer-se, de forma recorrente e propositada, de lhe passar informação vital, ficar com os créditos do seu trabalho ou roubar-lhe clientes).

São episódios que, isolados, teriam pouca importância, mas que, repetidos de forma continuada (num mínimo de seis meses), podem transformar-se em assédio moral, que permite já agir judicialmente. Os trabalhadores mais novos e as mulheres estão particularmente sujeitos a este tipo de atitudes porparte de superiores ou colegas.

No limite, pode chegar ao terror psicológico, quando a vítima é sujeita a uma estigmatização e isolamento permanentes (‘colocada naprateleira’ e esvaziada de funções), numa atitude que viola os seus direitos. É uma táctica usada quando as empresas querem despedir alguém e não têm razões legais para o fazer.
 

Um chefe autoritário

Patrões agressivos são autoritários e, geralmente, não são sensíveis a argumentos racionais. Pressionam os empregados, dão-lhes mais trabalho do que seria possível concretizar e, depois, enfurecem-se quando osobjectivos não são cumpridos. “É muito difícil chefiar”, diz a psicóloga Teresa Rosa. “É que não basta ter formação teórica para gerir conflitos, é preciso uma grande dose de auto-conhecimento. Se o chefe não se conhecer a si próprio, osseus valores e limites, não vai ser eficaz nesse aspecto. E pode mesmo causar danos enormes aos trabalhadores: há pessoas completamente destruídas, com aauto-estima diminuída, porque esta é uma relação de poder, desigual à partida”, explica.

*Se você é chefe, lembre-se que é fácil aos seus subordinados perder o respeito por alguém que sistematicamente é injusto. Um superior que não tem a consideraçãodos seus empregados irá, com certeza, perder informações e ideias que poderiam beneficiar o seu trabalho. “É difícil às pessoas terem consciência destas coisas na hora e fazerem o ideal: respirar fundo e contar até mil em vez deperder a cabeça”, alerta a psicóloga Teresa Rosa. “Não é à toa que as empresas investem cada vez mais na formação de chefias, afinal, uma equipa motivada é uma equipa mais produtiva”.

*Se é subordinada , é normal que, no momento da agressão, se sinta intimidada, assustada, humilhada ou, no mínimo, embaraçada. Mais tarde podem surgir sentimentos de raiva e frustração. É quando pensa “mas porque é que não disse isto ou aquilo?” Não vale a pena pensar nisso. De qualquer forma “é sempre melhor falar com o chefe mais tarde, quando ele se tiver acalmado – nessa altura poderá tentar confrontá-lo, defender-se ou esclarecer algum mal entendido”, explica a psicóloga. Sempre de forma calma e ponderada, é claro, ou corre o risco de perder a razão. Também nunca deve ceder à tentação de se “vingar”, sendo agressiva com os colegas. Nãose coíba de procurar ajuda especializada quando sentir que a situação a está a afectar demasiado. Em casos extremos pode sempre recorrer aos mecanismos legais, sindicatos, comissões de trabalhadores.

Subordinados fora do controlo

Muitas vezes o subordinado não é agressivo de forma directa para com o seu chefe, mas de forma passiva. Isto pode passar por coisas tão irritantes como esquecer-se de fazer certas tarefas de propósito, chegar sempre atrasado, levantar obstáculos, tendo uma atitude negativa constante. O objectivo é frustrar os superiores e enfurecê-los. “Geralmente isto acontece como reacção a uma agressão anterior ou a situações que são consideradas injustas,como promoções ou prémios que não lhe são atribuídos.”


*Se você é chefe, não caia na armadilha da agressão como retaliação. Tente conversar e perceber as razões que podem estar por detrás daquele comportamento por parte do seu subordinado. “A agressividade pode gerar um ciclo vicioso, mas cabe aos chefes dar espaço às pessoas para manifestar o seu descontentamento em vez de perpetuar o ciclo”, alerta Teresa Rosa.

* Se é subordinada , lembre-se que ser agressiva só lhe dá satisfação /sensaçãode poder no curto prazo. Com o tempo, vêm as dúvidas e os sentimentos de culpa. Além disso, uma pessoa sistematicamente agressiva vai ter sempre de sepreocupar com as reacções defensivas das pessoas que agride, o que implica estar sempre alerta e é muito desgastante. E acha que assim é que o seu chefe a vai promover? Antes pelo contrário…


Colegas invejosos

Não é muito diferente das rixas escolares! Basicamente acontece quando um colega age de forma prepotente, é verbalmente agressivo ou boicota o seu trabalho, mobilizando contra si um ataque cerrado. “A competição e o desemprego crescentes são factores que tem influência este tipo de comportamento. Os conflitos são mais prováveis em alturas de promoções ou atribuição de prémios, sobretudo quando alguns sentem que há injustiças”, lembra a psicóloga.

Lidar com um colega agressivo consome inevitavelmente muita energia e origina situações de stress. Está sempre a pensar o que ele vai fazera seguir! Ao fim de algum tempo, as hipóteses de se encarar isto com alguma sanidade mental são diminutas porque o seu equilíbrio psicológico é afectado e isto interfere no seu rendimento profissional. Pior ainda é quando o seu trabalho está dependente das prestações dos colegas que o marginalizam. Só vale a pena tentar resolver a questão quando os ânimos estiverem mais calmos. Nessa altura, se o quiser confrontar, lembre-se que o deve fazer de forma ponderada. A agressividade apenas gera mais agressividade. De qualquer forma “o melhor é tentar não levar as coisas demasiado a sério, rir-se e recorrer ao humor”, aconselha Teresa Rosa.

Se você é a agressora, pense nas razões pelas quais é agressiva, vejaexactamente o que despoleta a sua raiva. Desta forma, tem mais probabilidadesde se controlar. Anda cansada? O cansaço também torna as pessoas mais irritáveis.O exercício feito de forma regular é um escape para a tensão e para aagressividade latente. Inscreva-se num ginásio e frequente-o de frequência à hora de almoço.

Palavras-chave

Relacionados

Mais no portal

Mais Notícias

Num momento delicado para Kate e William, Carlos III reforça a importância dos príncipes de Gales no futuro da família real

Num momento delicado para Kate e William, Carlos III reforça a importância dos príncipes de Gales no futuro da família real

Dânia Neto usou três vestidos no casamento: os segredos e as imagens

Dânia Neto usou três vestidos no casamento: os segredos e as imagens

Ao volante do novo Volvo EX30 numa pista de gelo

Ao volante do novo Volvo EX30 numa pista de gelo

O que os preços do petróleo dizem sobre o conflito no Médio Oriente?

O que os preços do petróleo dizem sobre o conflito no Médio Oriente?

Salgueiro Maia, o herói a contragosto

Salgueiro Maia, o herói a contragosto

Pigmentarium: perfumaria de nicho inspirada na herança cultural da República Checa

Pigmentarium: perfumaria de nicho inspirada na herança cultural da República Checa

Exame Informática TV nº 859: Veja dois portáteis 'loucos' e dois carros elétricos em ação

Exame Informática TV nº 859: Veja dois portáteis 'loucos' e dois carros elétricos em ação

No tempo em que havia Censura

No tempo em que havia Censura

Recorde a vida do príncipe Louis no dia em que celebra o seu 6º aniversário

Recorde a vida do príncipe Louis no dia em que celebra o seu 6º aniversário

Vida ao ar livre: guarda-sol Centra

Vida ao ar livre: guarda-sol Centra

IRS: Falta muito para receber o seu reembolso? Saiba como ler o estado da sua declaração

IRS: Falta muito para receber o seu reembolso? Saiba como ler o estado da sua declaração

Os livros da VISÃO Júnior: Para comemorar a liberdade (sem censuras!)

Os livros da VISÃO Júnior: Para comemorar a liberdade (sem censuras!)

Casas sim, barracas não. Quando o pai de Marcelo Rebelo de Sousa ajudou os ocupantes do Bairro do Bom Sucesso

Casas sim, barracas não. Quando o pai de Marcelo Rebelo de Sousa ajudou os ocupantes do Bairro do Bom Sucesso

Intel apresenta computador neuromórfico, que funciona como cérebro humano

Intel apresenta computador neuromórfico, que funciona como cérebro humano

Regantes de Campilhas querem reforçar abastecimento de água e modernizar bloco de rega

Regantes de Campilhas querem reforçar abastecimento de água e modernizar bloco de rega

Quem tinha mais poderes antes do 25 de Abril: o Presidente da República ou o Presidente do Conselho?

Quem tinha mais poderes antes do 25 de Abril: o Presidente da República ou o Presidente do Conselho?

Azores Eco Rallye: elétricos ‘invadem’ as estradas de São Miguel este fim de semana

Azores Eco Rallye: elétricos ‘invadem’ as estradas de São Miguel este fim de semana

A reinvenção das imagens

A reinvenção das imagens

Azores Eco Rallye: elétricos ‘invadem’ as estradas de São Miguel este fim de semana

Azores Eco Rallye: elétricos ‘invadem’ as estradas de São Miguel este fim de semana

Decoração: a liberdade também passa por aqui

Decoração: a liberdade também passa por aqui

Parcerias criativas, quando a arte chega à casa

Parcerias criativas, quando a arte chega à casa

As tiaras da rainha Sílvia e das princesas Sofia e Victoria da Suécia

As tiaras da rainha Sílvia e das princesas Sofia e Victoria da Suécia

Teranóstica: O que é e como pode ser útil no combate ao cancro?

Teranóstica: O que é e como pode ser útil no combate ao cancro?

JL 1396

JL 1396

Fotógrafa Annie Leibovitz membro da   Academia Francesa das Belas Artes

Fotógrafa Annie Leibovitz membro da   Academia Francesa das Belas Artes

Montenegro diz que

Montenegro diz que "foi claríssimo" sobre descida do IRS

Tempo de espera para rede de cuidados continuados aumentou em 2022

Tempo de espera para rede de cuidados continuados aumentou em 2022

EDP Renováveis conclui venda de projeto eólico no Canadá

EDP Renováveis conclui venda de projeto eólico no Canadá

Em “Cacau”: Tiago beija Cacau após o nascimento de Marquinho

Em “Cacau”: Tiago beija Cacau após o nascimento de Marquinho

Vamos falar de castas?

Vamos falar de castas?

Em Peniche, abre o Museu Nacional Resistência e Liberdade - para que a memória não se apague

Em Peniche, abre o Museu Nacional Resistência e Liberdade - para que a memória não se apague

Exportações de vinho do Dão com ligeira redução em 2023

Exportações de vinho do Dão com ligeira redução em 2023

Conheça os ténis preferidos da Família Real espanhola produzidos por artesãs portuguesas

Conheça os ténis preferidos da Família Real espanhola produzidos por artesãs portuguesas

Baixa procura leva Apple a reduzir produção dos Vision Pro

Baixa procura leva Apple a reduzir produção dos Vision Pro

Em “Cacau”: Cacau dá à luz em casa e troca juras de amor com Marco

Em “Cacau”: Cacau dá à luz em casa e troca juras de amor com Marco

João Abel Manta, artista em revolução

João Abel Manta, artista em revolução

A meio caminho entre o brioche e o folhado, assim são os protagonistas da Chez Croissant

A meio caminho entre o brioche e o folhado, assim são os protagonistas da Chez Croissant

VISÃO Se7e: Os novos restaurantes de Lisboa e do Porto – e um museu para não esquecer

VISÃO Se7e: Os novos restaurantes de Lisboa e do Porto – e um museu para não esquecer

Luísa Beirão: “Há dez anos que faço programas de ‘detox’”

Luísa Beirão: “Há dez anos que faço programas de ‘detox’”

Tesla introduz novo Model 3 Performance

Tesla introduz novo Model 3 Performance

De Zeca Afonso a Adriano Correia de Oliveira. O papel da música de intervenção na revolução de 1974

De Zeca Afonso a Adriano Correia de Oliveira. O papel da música de intervenção na revolução de 1974

Pestana aumentou remunerações médias em 12%. Lucros caíram 4%

Pestana aumentou remunerações médias em 12%. Lucros caíram 4%

Nos caminhos de Moura guiados pela água fresca

Nos caminhos de Moura guiados pela água fresca

A

A "Grândola" deixou de ser minha". Artigo histórico de José Afonso

25 peças para receber a primavera em casa

25 peças para receber a primavera em casa

Parceria TIN/Público

A Trust in News e o Público estabeleceram uma parceria para partilha de conteúdos informativos nos respetivos sites