A vida dá estas voltas. Estamos no restaurante Tágide, com Lisboa a nossos pés, a provar o último prato que o chefe Luís Santos preparou para a reportagem. Com a colher, tentamos apanhar todos os bocadinhos de chocolate que conseguimos com as framboesas. A acidez perfumada dos frutos mescla-se com o aveludado do chocolate branco. O melhor de dois mundos. A aventura da gastronomia começou aos 18 anos, na Suíça, onde o agora chefe trabalhava na apanha de framboesas. Nesse verão, entrou “como se fosse uma brincadeira” para o Hotel Du Rhone, como ajudante de cozinha. Essa decisão acabou por mudar a sua vida para sempre: “Não sei o que seria se não fosse cozinheiro.” Um dos maiores privilégios é a constante evolução na profissão. Destaca Giles Dupond, do restaurante Lyon d’Or, em Genebra, que lhe deu a conhecer métodos, o ensinou a trabalhar um produto como se fosse a primeira vez e a estar aberto a novos sabores. O regresso a Portugal fez-se em 2003, como chefe de catering no grupo Silva Carvalho. Em 2007, abraça o desafio do Tágide, no mesmo ano que o restaurante vê a sua decoração remodelada. Situado em pleno Largo das Belas Artes, o Tágide é um dos ‘clássicos’ de Lisboa, figurando em vários guias e sendo recomendado ano após ano pela sua cozinha, vista e ambiente. Luís pratica aqui cozinha tradicional – “do tempo da minha avó” – mas com um toque de modernidade. A inspiração pode surgir em qualquer altura. Muitas vezes, no comboio, a caminho de casa, lembra-se de uma combinação de sabores que depois executa no seu ‘laboratório’, em casa. “Quando faço uma carta com muitos pratos, começo sempre pela proteína principal.” O que mais gosta de fazer é surpreender os clientes. E nesse departamento destaca o menu de degustação do Tágide: “É na degustação que me deixo expandir.”
Largo da Academia Nacional de Belas Artes, 18 e 20, Lisboa
Tel. 213.404.010