Há males que vêm por bem. É preciso aprender a ver o copo meio cheio. Dois ditados populares chegam para se perceber a ideia que queremos passar: já que nos calharam em sorte tempos economicamente difíceis, que podemos aprender com eles que não seja a renunciar, abdicar e poupar? A nossa proposta: ter uma alimentação mais saudável gastando menos. Comer bem não é mais caro é a tese que vamos provar. Com a promessa de não ter de passar serões infinitos frente ao fogão nem fazer maratonas por lojas obscuras à procura de produtos exóticos.
Mas este artigo não é para os conscienciosos da comida habituados a contar calorias e muito menos para os CSI que procuram gorduras trans nos rótulos dos alimentos. É, sim, para todos aqueles que lutam diariamente para inventar receitas novas porque os miúdos já estão enjoados de comer raviólis há duas semanas.
Mude de vida
Agora que o rendimento encolheu, à falta de dinheiro para esbanjar em comida rápida e sintética, nada como aproveitar o embalo para mudar nutricionalmente de vida. É verdade que vai exigir algum esforço, precisa mudar de hábitos, habituar-se a comprar coisas diferentes, programar menus semanalmente, aprender a comparar preços por quilo, mas até pode ser divertido.
Instruções para o supermercado
Se não fizer as compras certas arruína ou o menu ou o orçamento, por isso, encare a ida ao supermercado como uma missão militar. A abordagem a cada corredor deve ser precisa, rápida e eficaz. Objetivo é comprar os ingredientes mais baratos e saudáveis. O inimigo são os produtos caros e nutricionalmente errados.
Corredor das carnes
• Centre-se no porco e nas aves que em regra são mais em conta.
• O frango é mais barato se for comprado inteiro. Se comprar partes, prefir pernas, mais saborosas que o peito.
• Pode fazer salsichas simples misturando a carne com cebola refogada e ervas aromáticas. Passe a mistura por um processador e molde pequenas salsichas. Leve a cozer cinco minutos ao vapor.
• Inclua nas compras as miudezas (fígado e moelas) que têm muito ferro e proteínas. Refogadas durante cinco minutos e temperadas com vinagre enriquecem uma salada verde em três tempos.
• partida a carne com 15% de matéria gorda: misturando-a com miolo de pão amolecido em leite, cebola refogada, ervas aromáticas ou especiarias (caril por exemplo) e um ovo, pode fazer pequenas almôndegas. Se as cozer num caldo perdem a gordura e a carne permanece tenra. Sirva com molho de iogurte ou de tomate, por exemplo.
Corredor do peixe
• Não há volta a dar o peixe congelado é tendencialmente mais barato do que o fresco. Mas o fresco, na altura dele também se compra em conta.
• Com alguma imaginação conseguem-se refeições baratas e nutritivas, seja em empadões, quiches ou açordas, mas até o clássico cozido ganha sabor se juntar à água uma cebola, alguns grãos de pimenta, uma folha de louro ou aneto.
• O atum em lata faz uma refeição saborosa e barata. Duas ou três latas, mais uma lata grande de feijão frade, ovo cozido, salsa e cebola picada, tudo regado com azeite e faz-se a festa para quatro. Outra alternativa: empada de atum.
• Com uma mistura de marisco de marca branca faz um arroz de marisco para quatro pessoas e ainda sobra.
• Com uma posta faz uma açorda de bacalhau para todos. O segredo está em não poupar nos temperos: muito alho e azeite.
Corredor dos legumes
• Os legumes da época vendem-se a um preço acessível e regra geral são mais baratos do que os congelados O único problema com os frescos é mesmo a conservação. Exige-se um planeamento adequado na altura da compra para não haver desperdícios.
• Se tiver restos pode sempre aproveitá-los fazendo fritatas, quiches.
• Nos congelados, aposte nos mais versáteis como as ervilhas sempre prontas para sopa ou a enriquecer um arroz.
• Não deite fora a rama do nabo e do rabanete. Pique-as e misture-as com queijo gruyére e azeite e fica com um pesto fantástico para usar nas massas. ra.
• Também pode pegar nos legumes, misturá-los com farinha e passá-los por ovo e fazer pastéis!