Entramos no metro e temos logo uma boa surpresa: o rapaz do lado ouve música no iPod: ouve ele e ouve toda a Humanidade num raio de 10km. O que fazer?
O que não funciona. Mandar olhares ofendidos de esguelha. Geralmente, este é o tipo de pessoa que convive bem com olhares de esguelha.
O que pode funcionar. Delicadamente e com um sorriso peça-lhe para baixar um pouco a música. Tão simples quanto isso. P.S.: Siga a sua intuição e não faça isto se ele for do tipo de não achar graça nenhuma a que se metam na vida dele. Também não convém fazer o pedido se estiver numa carruagem sozinha com ele.
Entra num elevador, diz ‘bom-dia’ e que recebe de volta? Silêêêêncio…
O que não funciona. Bem, às vezes dizemos ‘bom-dia’ tão baixinho que ninguém responde porque… ninguém ouve, mesmo.
O que pode funcionar. Há quem tenha ido a cantar ‘bom-dia bom-dia bom-dia bom-dia’ o percurso todo, mas partindo do princípio de que nem toda a gente o faz, pode sempre repetir ‘bom-dia’ exageradamente alto ao sair.
Combinou um almoço com uma amiga, mas a criança da mesa ao lado não para de correr e gritar pela sala. Os pais ignoram…
O que não funciona. Olhares de esguelha, parte 2. Dizer em voz alta: “Há pessoas que não nasceram mesmo para educar ninguém.” Para começar, eles nem vão perceber, e mesmo que se percebam estão-se nas tintas.
O que pode funcionar. Chame a criança (não se esqueça do sorriso). Diga: “Olá. Como é que te chamas? Olha, ó Tiago, achas que podias estar sentado um bocadinho, só enquanto eu acabo de comer o que tenho no prato?” Se a criança for muito pequena, você não tiver lata para isto ou achar que os pais não têm cara de quem vai gostar, chame o empregado de parte e peça-lhe para lhes dar uma palavrinha. Se o empregado não fizer nada, peça para mudar de mesa. Ou simplesmente vá-se embora.
Como se não bastasse a criança aos gritos, a sua amiga não larga o telemóvel…
O que não funciona. Dizer “Ai ó Isabel, larga lá isso.”
O que pode funcionar. Olhá-la nos olhos e dizer: “Vim almoçar contigo porque queria estar contigo. Fazes-me o favor de desligar o telemóvel durante meia hora?” Se for um encontro romântico e ele preferir estar no Facebook, vá à casa de banho e ligue-lhe de lá…
O Vasco convidou-a para jantar, mas só fala dele. Quando você consegue dois segundos de silêncio, conta-lhe que fez uma operação. Comentário: ‘Quanto custou?’
O que não funciona. Dizer-lhe: “Olha, acho incrível que eu esteja para aqui calada enquanto tu não paras de falar, e quando te conto qualquer coisa pessoal a única coisa que te importa é quanto custou.” Dá muito trabalho.
O que pode funcionar. Assim que puder, levante-se, vá–se embora, desamigue-o do Facebook e nunca mais lhe atenda o telemóvel. Obviamente, deixe-o pagar a conta.
Emprestou a sua casa durante uns dias a uma amiga, mas ela não só lhe deixou tudo sujo como nem um bilhetinho a agradecer…
O que não funciona. Depende da pessoa e da relação que tem com ela.
O que pode funcionar. Deixe cair no esquecimento: afinal, foi só um desapontamento, não foi uma ofensa, e chamar-lhe a atenção não vai mudar nada. Se não aguentar, pode sempre dizer-lhe, delicadamente, “Então eu empresto-te a casa, tu nem um obrigadinha disseste e foste incapaz de deixar a casa mais ou menos limpa?” Ter em conta, no entanto, que o ‘standard’ de limpeza dela pode não ser igual ao seu.
O vizinho de cima deita-se tardíssimo e passa a noite com a televisão no máximo.
O que não funciona. Chamar a polícia, a não ser que seja um caso mesmo muito grave.
O que pode funcionar. Pode ir lá bater à porta e explicar a situação, mas geralmente ele volta a esquecer-se dois dias depois. De qualquer maneira, comece sempre por falar com ele (sem acusar: não esqueça o sorriso). Se não funcionar, escreva uma carta. Se a carta não funcionar, peça a colaboração de outro vizinho e tornem a explicar as vossas razões. Se nem isto funcionar, diga que vai fazer queixa e que isso acarretará uma pesada multa para o lado dele. Os malcriados são sempre mais sensíveis quando lhes tocam no bolso…
Fale com eles
Muitas vezes não resolvemos as situações simplesmente porque não temos à-vontade para o cara a cara, para resolver as situações pessoalmente, para ir ter com a pessoa e falar do assunto que nos incomoda. E no entanto quase tudo pode ser conversado, se não se deixar contagiar pela irritação e levar as coisas a bem. Enfim, há ocasiões em que nem vale
a pena a pessoa chatear-se… Se o intelectual do seu colega do lado disser que não vê como alguém gosta de Shakira, vale
a pena ofender-se?