Não deixo, no entanto, de lhe dar um pouco de razão, pelo menos quanto à escolha das toilettes para a ocasião: mini saias, ténis e peúgos à vista estão muito bem para ir para o liceu, mas não tanto quando se é a filha do Presidente numa cerimónia onde o pai está de fato escuro (se se tratasse de, por exemplo, um evento descontraído de caridade ao ar livre, o caso mudaria de figura). Mesmo que a dita cerimónia seja um pouco tola e envolva a remota possibilidade de o perú amnistiado fugir em direcção ao por do sol para celebrar a sua liberdade, obrigando quem está a correr atrás dele…dever que Sasha e Malia dificilmente cumpririam, já que se recusaram a fazer uma festinha ao bicharoco.
Ainda que o protocolo não seja rígido, haveria opções menos passíveis de gerar críticas escusadas e muito por onde escolher para duas raparigas bonitas que aliás, têm na mãe um bom exemplo.
Ainda que o protocolo não seja rígido, haveria opções menos passíveis de gerar críticas escusadas e muito por onde escolher para duas raparigas bonitas que aliás, têm na mãe um bom exemplo.
Não sei se quem faz a assessoria da família do Senhor Presidente se esqueceu de tomar conta desse detalhe ou se Malia e Sasha levam muito a sério o seu papel de adolescentes rebeldes (ou vou de botifarras ou não ponho os pés nessa seca, escolham!) mas com certos privilégios vêm certos deveres, que incluem determinada roupa para certa situação e não fazer as caretas que nos dá na gana.
O que me leva a isso dos fretes: quem de pequeno e depois por ossos do ofício ou obrigação social tenha sido sujeito (a) a ocasiões do género, sabe do que falo:
– Estar de pé 45 minutos em cima de uns saltos altos enterrados numa alcatifa (a dor!!!) à espera que um figurão acabe um longuíssimo (e repetitivo) discurso, prova provada que não, não conseguimos disparar raios laser mortíferos com os olhos por muito que tentemos;
– Uma hora sob o sol ardente aguardando que fulano ou beltrano enterre a cápsula do tempo ou lance a primeira pedra de um edifício público qualquer (quem tornou opcional o uso de chapéu para certos eventos devia arder no inferno)…
– Esperar horas para começar a trincar qualquer coisa, quase em estado de inanição (peso nos ombros e no estômago, tonturas) porque o convidado de honra nunca mais se despacha, e outras tantas para sair da dita mesa. E manter o sorriso e a tranquilidade o tempo todo, senão os pais dizem-nos das boas quando chegarmos a casa, que isto de pequenino… (regra de sobrevivência para adultas e mães que por remoto acaso sujeitem os filhos a isto: uma goma, um amendoim salgado, rebuçado ou bolachita disfarça-se em qualquer clutch e engole-se no micro segundo que perdemos no corredor para a casa de banho com a desculpa “vou retocar-me antes de começarmos”);
– Ouvir conversas intermináveis e secantes (geralmente, de alguém que tenta engraxar alguém que nos acompanha) com ar de Mona Lisa, tentando não adormecer ou transportando-se mentalmente para um lugar feliz.
– Tentar dirigir uma conversa ou entrevista com alguém que tenha esse tipo de discurso e faça por prolongar ad aeternum o que já foi dito ou pior, arrastar o suplício mostrando-nos a sua colecção de medalhas. Não.
E isto só para mencionar algumas secas obrigatórias, que é de rigueur e boa educação suportar com graciosidade – ou impassibilidade.
Depois há aquelas que são mais delicadas, porque tocam no ponto “a nossa liberdade termina onde começa a dos outros”.
É que volta e meia, há alguém que tem falta de noção suficiente, ou que se acha importante o suficiente para acrescentar farpas escusadas, como intrometer-se no almoço de alguém para falar (interminavelmente) de coisas que lhe interessam e não largar a presa por mais caretas que se faça (em ocasiões assim, legitima-se o uso de certas caretas discretas “para dentro”, de apertar os punhos sob a mesa, de aumentar ligeiramente a distância física a ver se a pessoa percebe ou vá, de fazer um ligeiríssimo ar de enfado. Algumas vítimas serão firmes o suficiente para convidar o importuno a marcar uma reunião a hora apropriada, num delicado mas categórico “desampare a loja”, mas são poucas!).
Porém revirar os olhos, fazer trejeitos de desprezo ou dar risinhos, como Sasha e Malia, isso já ultrapassa um bocadinho o aceitável, pelo menos quando se está no lugar de maior destaque com câmaras apontadas à cara para, literalmente, todo o Mundo ver.
Palavra que compreendo a vontade de fazer cara de frete, mas não compreendo que a tenham feito…
O que me leva a isso dos fretes: quem de pequeno e depois por ossos do ofício ou obrigação social tenha sido sujeito (a) a ocasiões do género, sabe do que falo:
– Estar de pé 45 minutos em cima de uns saltos altos enterrados numa alcatifa (a dor!!!) à espera que um figurão acabe um longuíssimo (e repetitivo) discurso, prova provada que não, não conseguimos disparar raios laser mortíferos com os olhos por muito que tentemos;
– Uma hora sob o sol ardente aguardando que fulano ou beltrano enterre a cápsula do tempo ou lance a primeira pedra de um edifício público qualquer (quem tornou opcional o uso de chapéu para certos eventos devia arder no inferno)…
– Esperar horas para começar a trincar qualquer coisa, quase em estado de inanição (peso nos ombros e no estômago, tonturas) porque o convidado de honra nunca mais se despacha, e outras tantas para sair da dita mesa. E manter o sorriso e a tranquilidade o tempo todo, senão os pais dizem-nos das boas quando chegarmos a casa, que isto de pequenino… (regra de sobrevivência para adultas e mães que por remoto acaso sujeitem os filhos a isto: uma goma, um amendoim salgado, rebuçado ou bolachita disfarça-se em qualquer clutch e engole-se no micro segundo que perdemos no corredor para a casa de banho com a desculpa “vou retocar-me antes de começarmos”);
– Ouvir conversas intermináveis e secantes (geralmente, de alguém que tenta engraxar alguém que nos acompanha) com ar de Mona Lisa, tentando não adormecer ou transportando-se mentalmente para um lugar feliz.
– Tentar dirigir uma conversa ou entrevista com alguém que tenha esse tipo de discurso e faça por prolongar ad aeternum o que já foi dito ou pior, arrastar o suplício mostrando-nos a sua colecção de medalhas. Não.
E isto só para mencionar algumas secas obrigatórias, que é de rigueur e boa educação suportar com graciosidade – ou impassibilidade.
Depois há aquelas que são mais delicadas, porque tocam no ponto “a nossa liberdade termina onde começa a dos outros”.
É que volta e meia, há alguém que tem falta de noção suficiente, ou que se acha importante o suficiente para acrescentar farpas escusadas, como intrometer-se no almoço de alguém para falar (interminavelmente) de coisas que lhe interessam e não largar a presa por mais caretas que se faça (em ocasiões assim, legitima-se o uso de certas caretas discretas “para dentro”, de apertar os punhos sob a mesa, de aumentar ligeiramente a distância física a ver se a pessoa percebe ou vá, de fazer um ligeiríssimo ar de enfado. Algumas vítimas serão firmes o suficiente para convidar o importuno a marcar uma reunião a hora apropriada, num delicado mas categórico “desampare a loja”, mas são poucas!).
Porém revirar os olhos, fazer trejeitos de desprezo ou dar risinhos, como Sasha e Malia, isso já ultrapassa um bocadinho o aceitável, pelo menos quando se está no lugar de maior destaque com câmaras apontadas à cara para, literalmente, todo o Mundo ver.
Palavra que compreendo a vontade de fazer cara de frete, mas não compreendo que a tenham feito…