O Hotel de Vidro é um livro de Emily St. John Mandel, publicado pela Editorial Presença. Um romance imersivo, que nos apresenta várias personagens, que se cruzam a certo momento e seguem os seus próprios caminhos, lidando com as consequências das ações escolhidas e refletindo a influência que receberam das outras figuras.
A escrita é absorvente e quase hipnotizante. Desde cedo somos levados a acompanhar uma e depois outra personagem, o início de uma viagem que cativa e que também nos mostra que cada uma destas figuras tem uma moral questionável. Ficamos interessados por cada pessoa que habita estas páginas, quer concordemos ou não com as suas decisões e atos. E sim, pode haver várias personagens, mas nem por isso a narrativa fica confusa de entender. Damos por nós a querer saber onde tudo vai culminar. Como este ciclo se vai fechar.
Apesar de ser uma história com base realista, a autora consegue conferir-lhe um ambiente misterioso e quase místico. Especialmente quando a ação passa para uma zona remota do Canadá. Há quase como uma aura de irrealidade. Talvez reflexo de como a vida é incerta e surpreendente, talvez influência de obras anteriores da autora, mais voltadas para a ficção científica.
Os saltos temporais não tornam a leitura complicada, uma vez que adicionam elementos no momento certo. A inspiração em crises financeiras e no esquema Ponzi faz sentido, uma vez que proporcionam uma reflexão sobre perdas, arrependimentos e também inconstância e fragilidade. Mandel mostra que nada é permanente ou seguro, que tudo se transforma e que é preciso saber lidar com o produto de cada ação.
Sinopse:
Vincent é a bela empregada de bar do Hotel Caiette, um palácio de vidro e cedro na extremidade mais a norte da Ilha de Vancouver. Jonathan Alkaitis, um financeiro de Nova Iorque, é o proprietário do hotel. Quando entrega a Vincent o seu cartão de visita acompanhado de uma gorjeta, começa assim uma vida em conjunto.
Nesse mesmo dia, uma figura encapuçada escrevinha um recado na parede de vidro do hotel: «Porque não engoles pedaços de vidro?» Leon Prevant, executivo de transportes marítimos de uma firma chamada Neptune-Avramidis, vê o recado no bar do hotel e fica profundamente abalado. Treze anos mais tarde, logo após
a implosão de um imenso esquema Ponzi em Nova Iorque, Vincent desaparece misteriosamente do convés de um navio da Neptune-Avramidis. Cruzando as vidas destas personagens, O Hotel de Vidro alterna entre o navio, as torres de Manhattan e a natureza selvagem da região remota da Colúmbia Britânica, pintando um retrato avassalador de ganância e culpa, de fantasia e ilusão, de arte e dos fantasmas do passado.